Tese apresentada à banca de
defesa do curso de Pós Graduação
em Ciência Política, Setor de Ciências
Humanas, Universidade Federal do
Paraná, como requisito parcial à
obtenção do título de Doutora em
Ciência Política

ufpr

1 Introdução e objetivo

Investigar em que medida o crescente reconhecimento de direitos civis de homossexuais por governos nacionais tem afetado as atitudes de grupos mais fortemente religiosos.

1.1 Objetivo secundários:

1. Conectar a discussão recente sobre reação conservadora a uma já bastante consolidada linha de investigações sobre os condicionantes da tolerância política, na qual a religião aparece como um fator fundamental

2. Identificar a relação de causalidade entre as mudanças nas legislações em relação aos homossexuais, e a opinião pública.

1.2 Questão de pesquisa:

  • A regulamentação de direitos civis aos homossexuais tem gerado contraofensiva religiosa por meio do acirramento de atitudes de intolerância política em relação a essa minoria na América Latina?

2 Hipótese

H1: mudanças conjunturais, como o aumento de direitos aos homossexuais, têm gerado uma contraofensiva por parte dos grupos religiosos na forma de atitudes mais intolerantes a essa minoria sexual;

H2: tanto mudanças legais quanto a atenuação do efeito da religião são resultados de um longo e consistente processo de alteração dos valores, principalmente no que diz respeito às liberdades individuais;

  • Metodologia: Quantitativa
  • Método: Regressão multinível

3 Material empírico

  • Nível individual (1): LAPOP (2019);
  • Nível contextual (2) advém da composição de variáveis (extraídas de bases como World Atlas, ILGA World).

UNIVERSO

  • 18 países da América Latina e suas populações respectivamente;

AMOSTRA:

  • 28.645 (composto pelo nível 1: indivíduos e nível 2: 18 países)

4 Variáveis

  • VD: Tolerância aos homossexuais

  • VI:

    • Religiosidade (denominação, intensidade e ativismo);
    • Legislação dos países (TNaH); desemprego; uma medida de tolerância por país (2008/2009) e o Índice de Valores Emancipatórios (IVE);
    • Variáveis de controle;

4.1 LAPOP:

Tabela 1- Tamanho da amostra do LAPOP por país - 2018/2019
Quantidade País e código Tamanho da amostra
1
  1. Argentina
1528
2
  1. Bolívia
1682
3
  1. Brasil
1498
4
  1. Chile
1638
5
  1. Costa Rida
1501
6
  1. Ecuador
1533
7
  1. El Salvador
1511
8
  1. Guatemala
1596
9
  1. Haiti
2221
10
  1. Honduras
1560
11
  1. México
1568
12
  1. Nicarágua
1547
13
  1. Panamá
1559
14
  1. Paraguai
1515
15
  1. Peru
1521
16
  1. República Dominicana
1516
17
  1. Uruguai
1581
18
  1. Venezuela
1558
TOTAL NA 28633
Fonte: Autora, 2022

4.2 TNAH e Desemprego:

Tabela 2- Medidas de Análise do desemprego e da TNaH por país
Países Desemprego (%) TNaH
  1. Argentina
8 2
  1. Bolívia
4 0
  1. Brasil
13 2
  1. Chile
7 0
  1. Costa Rica
8 0
  1. El Salvador
7 0
  1. Equador
5 0
  1. Guatemala
2 0
  1. Haiti
41 0
  1. Honduras
6 0
  1. México
3 1
  1. Nicarágua
6 0
  1. Panamá
6 0
  1. Paraguai
6 0
  1. Peru
5 0
  1. República Dominicana
23 0
  1. Uruguai
8 2
  1. Venezuela
27 0
Fonte: Autora, 2022

Tentantiva de aumentar a escala TNaH Clique aqui

Modelos com PIBperCapita Clique aqui

4.3 Med. de Tolerância:

Tabela 3- Média geral da variável dependente Tolerância política por país (TolerHomo), renomeada como MedToler, nos 18 países da América Latina entre 2008 e 2009
Países Medida de Tolerância
Haiti 2.27
El Salvador 3.51
Guatemala 3.53
Honduras 4.15
República Dominicana 3.27
Paraguai 3.57
Panamá 4.74
Nicarágua 4.45
Peru 4.25
Bolívia 4.25
Equador 4.32
Venezuela 4.44
Costa Rica 5.09
México 5.17
Chile 5.49
Brasil 5.77
Argentina 7.29
Uruguai 6.94

Fonte: Autora, 2022

4.4 IVE:

Tabela 4- Índice de Valores Emancipatórios de 2012
Países IVE2012
Argentina 6.7
Bolívia 5.4
Brasil 6.5
Chile 6.0
Costa Rica 5.4
El Salvador 4.7
Equador 5.1
Guatemala 5.6
Haiti 5.3
Honduras 4.7
México 5.9
Nicarágua 5.3
Panamá 5.6
Paraguai 5.2
Peru 5.3
República Dominicana 5.0
Uruguai 7.2
Venezuela 5.4

Fonte: Autora, 2022

Para acessar o script de criação do IVE: Clique aqui

5 Fluxograma das variáveis

Fluxograma 1 - Organização de todas as variáveis utilizadas de acordo importância conferido a cada grupo[1]

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

Justificativa para utilização das variáveis de controle: Democracia (Dem) vide capítulo 2 – Tolerância Política e Democracia. Confiança Interpessoal (Confint) vide cap. 2, subseção 2.2- Tolerância Política nas jovens democracias, conforme Csapo (2017). Sexo vide seção 2.2 - Tolerância Política nas jovens democracias, conforme Ribeiro e Borba (2020).

6 Resultados

6.1 Análise Descritiva -Tolerância política:

Nas projeções gráficas é possível verificar os países subdivididos, a partir de suas médias de tolerância, sendo que a variável está organizada em uma escala de 10 pontos.

Gráfico – Projeção gráfica da média simples de tolerância nos 18 países, entre 2004 e 2019

6.1.1 Todos os países:

6.1.2 América Latina:

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

6.1.3 Primeiro grupo:

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

6.1.4 Segundo Grupo:

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

6.1.5 Terceiro Grupo:

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

6.1.6 Quarto Grupo:

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

6.2 Análise descritivas - Denominações religiosas:

Gráfico 4 - Distribuição das denominações religiosas nos países da América Latina, a partir do valor absoluto das filiações, 2018/2019

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)

Com exceção de alguns países, os católicos ainda são maioria, mesmo entre o grupo mais tolerante. Todavia, em países como Uruguai, Brasil, Argentina e Chile, percebe-se um crescimento significativo de ateus no grupo tolerante. Em países como Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Haiti, existe grande quantidade de filiados a outras denominações no grupo de intolerantes. São poucos os países que possuem quantidades semelhantes ou maiores de tolerantes do que intolerantes, conforme já havíamos verificado no gráfico 1, os países com os maiores índices de tolerância, de acordo com a opinião pública, são: Uruguai, Argentina, Brasil, Costa Rica, Chile e México.


7 Análises inferenciais - 1ª Parte

7.1 Anova:

7.2 Modelo 1:

Tabela 6, p.81

7.3 Modelo 2:

Tabela 7, p.85

7.4 Modelo 3:

Tabela 9, p.87

7.5 Modelo 4:

Tabela 10, p.88

7.6 valores preditos:

Quadro 2, p.89

Valores preditos um indivíduo do sexo masculino, em diferentes contextos políticos e sociais em relação a homossexualidade

Valores Preditos
Perfis
4,3 Homem de 40 anos, ateu, que confia na democracia e nos outros cidadãos e que está em um contexto em que os homossexuais não possuem direito a união e adoção.
6,5 Esse mesmo homem, de 40 anos, ateu, que confia na democracia e nos outros cidadãos, mas está inserido em um contexto em que os homossexuais têm direitos.
3,6 Homem de 40 anos, católico, ativo religiosamente, que considera a religião importante, confia na democracia e nos outros cidadãos, mas está em um país que não possui nenhum direito para os homossexuais.
5,7 Esse mesmo homem de 40 anos, católico, ativo religiosamente, que considera a religião importante, confia na democracia e nos outros cidadãos e está em um país que permite que homossexuais se relacionem, se casem e adotem crianças.
2,5 Homem de 40 anos, evangélico, ativo religiosamente, que considera a religião importante, confia na democracia e nos outros cidadãos, mas está em um país que não possui nenhum direito para os homossexuais.
4,6 Esse mesmo homem de 40 anos, evangélico, ativo religiosamente, que considera a religião importante, confia na democracia e nos outros cidadãos, mas está em um país que permite que homossexuais se relacionem, se casem e adotem crianças.
2,9 Homem de outra religião, também com 40 anos, ativo religiosamente, que considera a religião importante, confia na democracia e nos outros cidadãos, mas está em um país que não possui nenhum direito para os homossexuais.
5,0 Esse mesmo homem de outra religião, também com 40 anos, ativo religiosamente, que considera a religião importante, confia na democracia e nos outros cidadãos, mas está em um país que permite que homossexuais se relacionem, se casem e adotem crianças.

Fonte: Autora, a partir dos dados do LAPOP (2004-2019)


8 Análises inferenciais - 2ª Parte

8.1 Modelo 5:

Tabela 11, p.94

8.2 Descritivas:

Modelo 6 (tabela 12) e tabela descritiva 13, p.96

8.3 modelo 7:

Tabela 14, p.97

8.4 modelo 8:

Tabela 14, p.97

9 Considerações finais

  • Hipótese 1 foi refutada
  • Hipótese 2 foi confirmada

A cultura política se altera e na sequência tem-se a mudança na legislação e, não o contrário.


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