Essas tradicionais construções se localizam no Valle d’Itria, região da Puglia. A cidade com a maior concentração de Trulli é Alberobello, da província de Bari, e desde 1996 é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
No mapa abaixo pode-se observar sua localização em relação à Itália e a Puglia.

Alberobello está localizada em latitude 40° 47’ 4.13” N, sendo considerado um clima de latitudes médias. Pela classificação de Köppen-Geiger é considerado Cfa - clima subtropical com verão quente. Agosto é seu mês mais quente e Janeiro o mês mais frio, alem de Julho o mês mais seco e Novembro o mês de maior precipitação.

Em relação a umidade durante o inverno a região possui clima seco e durante o verão possui clima úmido chegando a abafado. Isso também influencia a sazonalidade das nuvens na região, em que no verão o céu é menos encoberto. No inverno a região se apresenta também com mais ventos vindos do norte.

Os Trulli eram casas de camponeses da região, uma lenda de como surgiram fala que o Rei de Nápoles, durante o século XV, criou um imposto a novas construções e os senhores donos das terras da região obrigaram seus moradores a construir suas casas sem argamassa ou madeira, assim se cobradores de impostos aparecessem na região as casas poderiam ser facilmente desmontadas e, assim, evitar pagar taxas. Outra lenda é que a região já foi uma grande floresta e os donos proibiram residências permanentes, então os moradores montavam suas casas de pedras sem argamassa para morarem ali enquanto trabalhavam na terra. A matéria-prima é de rocha calcária que predomina no solo da região e em abundância na região facilitando o acesso ao material. A região não tem água para consumo na superfície, pois a chuva penetra nas fissuras das rochas e vai diretamente para o lençol ferático até chegar ao mar Adriático.

As paredes do Trullo, postas diretamente na rocha do solo, quando houver necessidade retira-se a vegetação superficial, são compostas de pedras sobrepostas em base quadrada ou circular, podendo estar juntas para formar mais de um cômodo. A sua espessura pode variar entre 0,80 a 2,70 m e tem até 2 m de altura e um acabamento de reboco com pintura de cal para aparência branca. Geralmente as pedras usadas para o início da construção são retiradas do próprio terreno e a área escavada usada para cisterna.

O telhado, em forma de cone, é feito por duas camadas de rochas para assegurar a impermeabilidade da construção e é formado por anéis concêntricos que os raios vão diminuindo, até a abertura poder ser fechada por um pináculo. Comumente são decorados com símbolos religiosos ou pagãos em tinta branca.

Por ser uma estrutura circular com poucas aberturas a orientação e o posicionamento não influenciam no conforto. As paredes grossas permitem grande inércia térmica, mantendo a temperatura constante no interior. O formato circular ajuda a resfriar o ambiente a noite, pois o ar interno não tem obstáculos. O formato cônico permite transmissão de calor do telhado para o chão durante o inverno e inversamente durante o verão. A chaminé no topo do telhado permite que o ar circule e mantém o ambiente ventilado, mesmo com a pouca presença de janelas. A cisterna ajuda na manutenção de temperaturas frescas no ambiente interno e o tratamento com cal das paredes externas ajuda na reflexão da luz, para pouca absorção de calor pelas paredes, e como uma forma de manter insetos fora.

Em estudos experimentais, do Trullo da foto abaixo, feitos por Pietro Stefanizzi, publicado em 2012, as temperaturas externas no inverno tem mínimo de 4ºC e no verão tem máxima de 33ºC com umidade relativa de 75%. O conforto interno foi definido para temperaturas entre 20ºC e 26ºC e umidade relativa entre 30% e 60%. A conclusão do estudo é que no verão é possível alcançar altos níveis de conforto, com a temperatura interna sempre abaixo da temperatura exterior, mas no inverno as temperaturas internas precisam de auxílio de alguma fonte de aquecimento, como fogão a lenha, para alcançar o conforto, apesar de ter média de 10ºC superior a temperatura externa.

Gráficos mostrando a temperatura externa e interna do Trullo no verão (superior) e no inverno (inferior). Fonte: N. Cardinale, G. Rospi and P. Stefanizzi, “Energy and microclimatic performance of Mediterranean vernacular buildings: The Sassi district of Matera and the Trulli district of Alberobello,” Building and Environment, vol. 59, pp. 590-598, January 2013.