1 Descrição do Desafio

Estamos precisando de seu apoio para subsidiar o Presidente da FIEC para uma entrevista. São duas perguntas que ele precisará responder a imprensa:

  • Qual análise você faz do panorama industrial do Ceará em comparação ao desempenho nacional? Arrisca uma projeção para 2022?
  • Que setor da indústria será o grande fomentador do desenvolvimento econômico do Brasil e para o Ceará para os próximos anos, após a crise da pandemia? De forma mais geral, que cenários você desenha para os próximos anos?

Escreva, portanto, um texto argumentativo para auxiliar o Presidente da FIEC em sua resposta. O texto deverá ter no máximo 3.000 caracteres com espaço, deverá ser entregue em 24 horas.

2 Metatexto

Todo o processo de pesquisa, documentação e escrita usou softwares gratuitos: Linux, R, RStudio, Tex e OnlyOffice. Seguem todas as fontes usadas como referência nas notas de rodapé, devidamente ancoradas aos respectivos sites em “(link)”.

Reorganizei as perguntas abordadas de forma mais linear: da rápida descrição conjuntural, segue as projeções e os setores que devem ser destaque na projeção (em termos absolutos e relativos).

3 Análise Descritiva e Comparativa das Indústrias Cearense e Brasileira

Durante a pandemia, enfrentamos uma indústria em declínio: em 2020, a produção física industrial brasileira recuou 4,5% e a cearense, 6,2%. Já em 2021, o Brasil registrou avanço de 3,9% enquanto que o Ceará, 3,7%. Dessa forma, a produção nacional avançou 2,3 p.p. no patamar de produção pré-pandemia1 e a produção cearense ainda permanece 6,5 p.p. abaixo do patamar pré-pandemia2. Como consequência, o estoque de empregos formais na indústria cearense ao longo de 2020 e 2021 acumulou uma variação positiva de 2,43% enquanto que o estoque brasileiro avançou 1,55%3. Uma possível explicação, dentre outros fatores, é que o salário real médio do trabalhador cearense é historicamente menor que o salário médio brasileiro (65,79% do salário médio nacional, no primeiro trimestre de 2021) e até caiu mais que o brasileiro (6,03% ante a queda nacional de 2.37%) 4. Olhando agora para o saldo das operações de crédito à pessoas jurídicas durante o biênio, o Ceará registrou um aumento nominal médio de 0,86% a.m. enquanto que o Brasil aumentou 1,51%5.

Resumindo, nossa indústria local ainda não conseguiu alcançar o patamar produtivo pré-pandemia, apesar de ter contratado formalmente e relativamente mais que o Brasil; dentre os fatores destacados estão a discrepância do nível salarial médio praticado (possível consequência da discrepância da escolaridade média6) e a diferença no volume de crédito a pessoas jurídicas.

4 Cenários Preditivos para o Brasil e Ceará.

Seguindo as estimativas-base de instituições respeitadas, para o contexto nacional7, é projetado uma variação de 4,63% e 0,51% de PIB real para 2021 e 2022, respectivamente. Essa desaceleração para o biênio reflete-se numa estimativa de preferência por juros real ex ante (expectativas de rendimentos) de 4,72% e 2,89%; a conformidade das preferências de juros faria a inflação ficar em 10,42% e 5,32% a uma taxa Selic de 9,25% e 11,25%, respectivamente. Os baixos juros reais ex ante e a alta nomial da selic durante o período podem significar uma restrição do crédito para as empresas. O crescimento real da população ocupada seria de 4,60% e 2%; com uma massa salarial real crescendo em -1,95% e 0,51%, acompanhando a queda relatada anteriormente.

Já para o Ceará8 espera-se um crescimento do PIB de 6,24% e 1,25% para 2021 e 2022, respectivamente. Resultado bastante influenciado pelo efeito base: a maior queda nos serviços e atividade industrial, comparado ao Brasil, faz com que a taxa de recuperação seja maior também. Como consequência, a taxa de desemprego seria de 12,26% para ambos os anos. A estimação do Observatório da Indústria é uma média de atividade industrial acima da brasileira, mantendo a diferença média histórica entre os resultados brasileiro e cearense para o mês9.

4.1 Destaques Setoriais

A Indústria de Transformação contribui com 6,67% do VA cearense enquanto que a Construção, com 4,23%. Aquela é a maior em termos absolutos e em 2021 foi a que mais contratou. Mas em termos relativos, é a construção civil que está crescendo mais: em 2021, o crescimento do estoque de empregos formais nesse setor foi de 12,56%; já na Indústria de Tranformação, 5,35%. É importante observar esse crescimento relativo para expurgar o efeito linear do tamanho setorial: um aumento relativo significa ganho de espaço no cenário econômico cearense, enquanto desenhamos um novo perfil econômico para o Ceará.

5 Apoio Visual

Fonte: PIM-PF/IBGE. Elaboração Própria

Fonte: PIM-PF/IBGE. Elaboração Própria

Fonte: PAND-C/IBGE. Elaboração Própria

Fonte: PAND-C/IBGE. Elaboração Própria

Participação no Valor Agregado Bruto 2019 (%)
Atividades Brasil Ceará
Total 100.00 100.00
Agropecuária 4.89 5.14
Indústria Total 21.80 17.05
  • Indústrias extrativas
2.88 0.30
  • Indústrias de transformação
12.01 8.67
  • Eletricidade e gás, água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação
3.00 3.85
Construção 3.91 4.23
Serviços 73.31 77.80

  1. Na comparação entre dezembro de 2021 e dezembro de 2019, usando o índice de base fixa sem ajuste sazonal.↩︎

  2. Informações extraídas da Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física, PIM-PF/Regional, do IBGE. (link)↩︎

  3. Informações derivadas do Novo Caged. (link)↩︎

  4. Informações derivadas da PNAD-C, IBGE. (link)↩︎

  5. Informações derivadas do saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, BCB. (link)↩︎

  6. Mais informações em The Long-run Effects of Lockdown in Ceará Economy Through Productivity: An Recursive CGE Approach. (link)↩︎

  7. Informações extraídas das Projeções da Instituição Fiscal Indepedente, IFI. (link)↩︎

  8. Informações extraídas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica, IPCE. (link)↩︎

  9. Informações extraídas das projeções do Observatório da Indústria/FIEC. (link)↩︎