Estamos precisando de seu apoio para subsidiar o Presidente da FIEC para uma entrevista. São duas perguntas que ele precisará responder a imprensa:
Escreva, portanto, um texto argumentativo para auxiliar o Presidente da FIEC em sua resposta. O texto deverá ter no máximo 3.000 caracteres com espaço, deverá ser entregue em 24 horas.
Todo o processo de pesquisa, documentação e escrita usou softwares gratuitos: Linux, R, RStudio, Tex e OnlyOffice. Seguem todas as fontes usadas como referência nas notas de rodapé, devidamente ancoradas aos respectivos sites em “(link)”.
Reorganizei as perguntas abordadas de forma mais linear: da rápida descrição conjuntural, segue as projeções e os setores que devem ser destaque na projeção (em termos absolutos e relativos).
Durante a pandemia, enfrentamos uma indústria em declínio: em 2020, a produção física industrial brasileira recuou 4,5% e a cearense, 6,2%. Já em 2021, o Brasil registrou avanço de 3,9% enquanto que o Ceará, 3,7%. Dessa forma, a produção nacional avançou 2,3 p.p. no patamar de produção pré-pandemia1 e a produção cearense ainda permanece 6,5 p.p. abaixo do patamar pré-pandemia2. Como consequência, o estoque de empregos formais na indústria cearense ao longo de 2020 e 2021 acumulou uma variação positiva de 2,43% enquanto que o estoque brasileiro avançou 1,55%3. Uma possível explicação, dentre outros fatores, é que o salário real médio do trabalhador cearense é historicamente menor que o salário médio brasileiro (65,79% do salário médio nacional, no primeiro trimestre de 2021) e até caiu mais que o brasileiro (6,03% ante a queda nacional de 2.37%) 4. Olhando agora para o saldo das operações de crédito à pessoas jurídicas durante o biênio, o Ceará registrou um aumento nominal médio de 0,86% a.m. enquanto que o Brasil aumentou 1,51%5.
Resumindo, nossa indústria local ainda não conseguiu alcançar o patamar produtivo pré-pandemia, apesar de ter contratado formalmente e relativamente mais que o Brasil; dentre os fatores destacados estão a discrepância do nível salarial médio praticado (possível consequência da discrepância da escolaridade média6) e a diferença no volume de crédito a pessoas jurídicas.
Seguindo as estimativas-base de instituições respeitadas, para o contexto nacional7, é projetado uma variação de 4,63% e 0,51% de PIB real para 2021 e 2022, respectivamente. Essa desaceleração para o biênio reflete-se numa estimativa de preferência por juros real ex ante (expectativas de rendimentos) de 4,72% e 2,89%; a conformidade das preferências de juros faria a inflação ficar em 10,42% e 5,32% a uma taxa Selic de 9,25% e 11,25%, respectivamente. Os baixos juros reais ex ante e a alta nomial da selic durante o período podem significar uma restrição do crédito para as empresas. O crescimento real da população ocupada seria de 4,60% e 2%; com uma massa salarial real crescendo em -1,95% e 0,51%, acompanhando a queda relatada anteriormente.
Já para o Ceará8 espera-se um crescimento do PIB de 6,24% e 1,25% para 2021 e 2022, respectivamente. Resultado bastante influenciado pelo efeito base: a maior queda nos serviços e atividade industrial, comparado ao Brasil, faz com que a taxa de recuperação seja maior também. Como consequência, a taxa de desemprego seria de 12,26% para ambos os anos. A estimação do Observatório da Indústria é uma média de atividade industrial acima da brasileira, mantendo a diferença média histórica entre os resultados brasileiro e cearense para o mês9.
A Indústria de Transformação contribui com 6,67% do VA cearense enquanto que a Construção, com 4,23%. Aquela é a maior em termos absolutos e em 2021 foi a que mais contratou. Mas em termos relativos, é a construção civil que está crescendo mais: em 2021, o crescimento do estoque de empregos formais nesse setor foi de 12,56%; já na Indústria de Tranformação, 5,35%. É importante observar esse crescimento relativo para expurgar o efeito linear do tamanho setorial: um aumento relativo significa ganho de espaço no cenário econômico cearense, enquanto desenhamos um novo perfil econômico para o Ceará.
Fonte: PIM-PF/IBGE. Elaboração Própria
Fonte: PAND-C/IBGE. Elaboração Própria
| Atividades | Brasil | Ceará |
|---|---|---|
| Total | 100.00 | 100.00 |
| Agropecuária | 4.89 | 5.14 |
| Indústria Total | 21.80 | 17.05 |
|
2.88 | 0.30 |
|
12.01 | 8.67 |
|
3.00 | 3.85 |
| Construção | 3.91 | 4.23 |
| Serviços | 73.31 | 77.80 |
Na comparação entre dezembro de 2021 e dezembro de 2019, usando o índice de base fixa sem ajuste sazonal.↩︎
Informações extraídas da Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física, PIM-PF/Regional, do IBGE. (link)↩︎
Informações derivadas do saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, BCB. (link)↩︎
Mais informações em The Long-run Effects of Lockdown in Ceará Economy Through Productivity: An Recursive CGE Approach. (link)↩︎
Informações extraídas das Projeções da Instituição Fiscal Indepedente, IFI. (link)↩︎
Informações extraídas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica, IPCE. (link)↩︎
Informações extraídas das projeções do Observatório da Indústria/FIEC. (link)↩︎