Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião.
Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam.
As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam.
Como a água do rio que é água sempre nova.
Como cada dia que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
Tenho quatro guarda-chuvas todos os quatro com defeito; Um emperra quando abre, outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário seu eu abro sem ter cuidado. Outro, então, solta as varetas e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino, pra carregar por aí; Porém, toda vez que chove, eu descubro que esqueci…
Por isso, não falha nunca: se começa a trovejar, nenhum dos quatro me vale – eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva pequeno como uma luva Que abrisse sem emperrar ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas que não me servem de nada; Quando chove de repente, acabo toda encharcada.
E que fria cai a água sobre a pele ressecada! Ai…