O objetivo deste projeto foi verificar os países com maior taxa de mortalidade a partir da análise da base de dados disponibilizada pela Organização Mundial de Saúde (World Health Organization – WHO), verificar como o Brasil está disposto nesta lista considerando todos os países do mundo e os países da América do Sul no qual o Brasil faz parte e, por fim, verificar a prevalência de obesidade e inatividade, ambos fatores de risco para mortalidade. Após a analise da base de dados de mortalidade da WHO nota-se que o Brasil encontra-se na posição 86 quando considerado todos os países do munto. A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta os dados por pais dividido por sexo a fim de ilustrar a taxa de mortalidade de adutos listados em ordem alfabética.

Tabela 1. Taxa de mortalidade de adultos (probabilidade de morrer entre 15 e 60 anos por 1000 habitantes).
País Ambos sexos Homem Mulher
Afghanistan 245 272 216
Albania 96 122 71
Algeria 95 106 84
Angola 238 275 202
Antigua and Barbuda 120 137 104
Argentina 111 143 80
Armenia 116 176 65
Australia 61 77 45
Austria 62 80 44
Azerbaijan 118 160 76
Bahamas 159 199 120
Bahrain 57 61 50
Bangladesh 130 150 110
Barbados 100 129 74
Belarus 161 241 82
Belgium 72 89 54
Belize 179 225 132
Benin 242 265 220
Bhutan 207 205 209
Bolivia (Plurinational State of) 182 214 150
Bosnia and Herzegovina 92 120 63
Botswana 249 294 208
Brazil 143 194 91
Brunei Darussalam 98 111 83
Bulgaria 135 183 85
Burkina Faso 255 273 239
Burundi 290 320 260
Cabo Verde 122 146 100
Cambodia 170 205 140
Cameroon 341 362 321
Canada 63 76 49
Central African Republic 412 431 394
Chad 360 381 338
Chile 87 114 60
China 80 93 67
Colombia 137 182 92
Comoros 225 250 199
Congo 261 281 239
Costa Rica 97 126 66
Côte d’Ivoire 398 417 376
Croatia 88 124 51
Cuba 92 116 68
Cyprus 55 73 37
Czechia 81 108 53
Democratic People’s Republic of Korea 132 166 98
Democratic Republic of the Congo 256 281 232
Denmark 65 81 49
Djibouti 245 266 222
Dominican Republic 160 202 117
Ecuador 114 142 86
Egypt 165 205 121
El Salvador 177 261 103
Equatorial Guinea 305 338 259
Eritrea 252 289 215
Estonia 119 172 65
Eswatini 393 464 338
Ethiopia 219 246 194
Fiji 186 233 136
Finland 70 95 44
France 71 94 48
Gabon 221 239 201
Gambia 262 290 235
Georgia 160 238 83
Germany 69 88 49
Ghana 241 262 222
Greece 66 90 42
Grenada 140 183 96
Guatemala 162 208 119
Guinea 262 273 251
Guinea-Bissau 269 297 242
Guyana 264 313 210
Haiti 243 276 211
Honduras 145 172 119
Hungary 126 173 79
Iceland 55 67 42
India 178 214 138
Indonesia 176 205 146
Iran (Islamic Republic of) 80 99 60
Iraq 174 213 133
Ireland 62 78 47
Israel 58 75 41
Italy 54 68 39
Jamaica 131 165 98
Japan 51 65 36
Jordan 111 128 92
Kazakhstan 181 256 108
Kenya 219 256 184
Kiribati 197 240 156
Kuwait 79 93 57
Kyrgyzstan 162 224 100
Lao People’s Democratic Republic 193 215 171
Latvia 154 225 84
Lebanon 96 105 83
Lesotho 483 536 445
Liberia 230 249 212
Libya 150 196 103
Lithuania 155 231 79
Luxembourg 56 71 38
Madagascar 216 241 191
Malawi 255 312 203
Malaysia 123 156 86
Maldives 53 63 39
Mali 270 279 261
Malta 55 71 38
Mauritania 202 224 181
Mauritius 145 194 94
Mexico 127 164 89
Micronesia (Federated States of) 164 181 148
Mongolia 211 294 127
Montenegro 99 131 67
Morocco 69 74 65
Mozambique 336 386 292
Myanmar 195 229 163
Namibia 296 344 253
Nepal 151 171 131
Netherlands 59 66 52
New Zealand 66 81 51
Nicaragua 146 190 103
Niger 250 263 235
Nigeria 352 372 333
Norway 55 66 42
Oman 96 108 68
Pakistan 159 178 139
Panama 111 145 76
Papua New Guinea 224 256 191
Paraguay 146 165 125
Peru 124 154 94
Philippines 194 244 141
Poland 111 158 62
Portugal 76 110 43
Qatar 62 66 47
Republic of Korea 61 85 36
Republic of Moldova 167 241 95
North Macedonia 96 124 66
Romania 135 191 77
Russian Federation 203 294 111
Rwanda 198 224 172
Saint Lucia 147 178 116
Saint Vincent and the Grenadines 169 208 126
Samoa 110 137 80
Sao Tome and Principe 191 221 161
Saudi Arabia 89 97 78
Senegal 185 222 153
Serbia 103 135 70
Seychelles 163 233 90
Sierra Leone 389 394 383
Singapore 51 65 38
Slovakia 104 147 61
Slovenia 72 97 45
Solomon Islands 146 164 126
Somalia 316 349 282
South Africa 301 359 246
South Sudan 321 335 308
Spain 56 74 38
Sri Lanka 131 191 73
Sudan 224 253 195
Suriname 180 224 135
Sweden 52 64 40
Switzerland 49 62 36
Syrian Arab Republic 301 388 202
Tajikistan 123 156 91
Thailand 147 203 91
Timor-Leste 150 176 122
Togo 265 284 248
Tonga 133 167 100
Trinidad and Tobago 172 222 119
Tunisia 91 111 71
Turkey 104 138 71
Turkmenistan 191 253 131
Uganda 288 333 243
Ukraine 180 264 98
United Arab Emirates 74 80 56
United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland 67 81 52
United Republic of Tanzania 261 299 222
United States of America 114 142 86
Uruguay 114 149 79
Uzbekistan 131 167 96
Vanuatu 129 155 104
Venezuela (Bolivarian Republic of) 157 217 93
Viet Nam 125 182 66
Yemen 221 244 199
Zambia 286 324 250
Zimbabwe 334 371 303

Na América latina, a Guiana Francesa lidera a lista com a maior probabilidade de morte entre indivíduos com 15 a 60 anos de idade por 1000 pessoas. Já o Brasil encontra-se na 6° posição entre os países latino-americanos, estando na frente da Colômbia (pois é, na frente da Colômbia de Pablo Escobar), Peru, Argentina, Uruguai e Chile. Esses dados estão ilustrados na Figura 1. Adicionalmente, quando observamos a evolução da probabilidade de morte dos países latinos (Figura 2) precebe-se que na última década esses valores permaneceram praticamente estáveis mesmo com avanços importantes nos tratamentos de doenças crônicas como, por exemplo, hipertensão arterial, diabetes, entre outras. Neste cenário, identificar possíveis fatores de risco de mortalidade se torna fundamental uma vez que a identificação desses fatores de risco pode possibilitar o direcionamento de políticas públicas e, a partir daí, buscar estratégias que busquem um aumento na expectativa de vida da população.

A obesidade e a inatividade física são reconhecidos preditores independentes de mortalidade em distintas populações. Neste sentido, é razoável especular que o Brasil apresente uma elevada prevalência de obesidade e inatividade física o que poderia explicar, ao menos parcialmente, a elevada e sustentada probabilidade de mortalidade observada na última década. Além disso, tanto a obesidade quanto a inatividade física estão associados a diversas doenças cardiometabólicas tais como diabetes e hipertensão arterial e, como consequência, a uma piora na qualidade de vida. A série temporal de dados disponibilizados pela WHO sobre obesidade mostra que desde o ano de 2000 o Brasil apresenta um aumento na prevalência de obesidade. No ano de 2016, 22% da população apresentava um índice de massa corporal (IMC) > que 30 kg/m². A Figura 3 ilustra a prevalência da obesidade na população brasileira entre os anos 2000 e 2016.

Com relação a inatividade física, até o final do ano passado, a WHO considerava inativo todas aquelas pessoas que não conseguiam realizar um total de 150 minutos por semana de atividades física moderadas e/ou vigorosas como, por exemplo, caminhar rapidamente. Embora a WHO não disponibilize séries temporais com relação aos dados de inatividade física é possível analisar o percentual da população classificada como inativo no ano de 2016. Ao analisar esses dados nota-se que o Brasil se encontra na ##4° posição considerando TODOS os países do mundo com 47% DE TODA SUA POPULAÇÃO CLASSIFICADA COMO INATIVA.

Por fim, com base na análise das bases de dados da WHO de probabilidade de mortalidade, prevalência de obesidade e nível de atividade física é possível verificar que o Brasil apresenta uma elevada prevalência de obesidade (22%) e inatividade física (47%) em sua população. Esses resultados sugerem que políticas públicas devem buscar estratégias para reduzir os índices de obesidade e inatividade física uma vez que estas condições são reconhecidos preditores de doenças cardiometabólicas e mortalidade. Cumpre destacar que as analises aqui apresentadas não indicam uma relação de causalidade entre as variáveis e alguma cautela deve ser tomada na interpretação desses resultados.