Sobre a inevitabilidade de uma relação entre a arquitectura e o seu contexto cultural e social vem sendo desenvolvido um trabalho de investigação, desde o início dos anos noventa, usando uma estrutura hermenêutica interpretativa a partir do trabalho de Mikhail Bakhtin. Esse trabalho, que Tzvetan Todorov tão bem resume no seu livro The Dialogical Principle, demonstra como um texto – qualquer acto cultural produzido por um autor – só pode ser interpretado e compreendido através de uma análise dialógica entre esse texto e o seu contexto cultural e social.
Para a metodologia destes estudos é referência o trabalho de Paul Ricoeur e “La triple mimèsis”, sendo considerada uma leitura em três fases: a elaboração do pensamento do texto arquitectónico, da sua concretização pela obra, e do seu uso e destino. Desde um trabalho mais extenso sobre a Habitação Social em Portugal, realizado entre 1993 e 2000, tem-se testado esta estrutura hermenêutica noutros casos de estudo. É o caso deste texto/projecto das “Piscinas das Marés” (Porto, 1961/1966) agora apresentado, que revela um trabalho realizado a partir de entrevistas inéditas a Álvaro Siza sobre o seu projecto. Para além da análise dialógica deste projecto, essencial para conhecer Siza enquanto autor, ao longo do texto a escrita criativa procura ensaiar, na sua geometria e poética, uma relação com a figura da própria arquitectura e poética singular destas piscinas.
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