31/10/2020
Existem diferentes percepções sobre a definição:
Motivadas por interesses, ideologias, valores e necessidades inerentes a cada período histórico.
Dependem de gastos do setor público ou privado com o objetivo de encontrar a solução de um problema que afeta a população de um local, provendo bens e/ou serviços.
Um bom planejamento e uma sólida base teórica não são garantia de uma política pública de sucesso, mas são passos essenciais para atingir os objetivos estabelecidos.
Ao longo da história, políticos ou stakeholders não costumavam ter as ferramentas para avaliar experimentalmente os efeitos de um programa social sobre uma população. Hoje se fala cada vez mais em “políticas públicas baseadas em evidências”.
Identificação do problema:
Formulação da política:
Implementação:
Tomada de decisão:
Avaliação:
Como e por que uma política pública funciona? É possível mensurar?
Observar microescolhas dos agentes econômicos após certos estímulos pode ser útil para verificar quais decisões tomadas pelos formuladores da política pública tiveram efeito no grupo contemplado.
Nos últimos 20 anos as ciências econômicas passaram pela chamada “revolução experimental”, que hoje permite análises e modelos mais robustos de fenômenos sociais por meio de técnicas econométricas.
(Zhou et al., 2019)
(H.G. Ferreira et al., 2008)
Existem tipos distintos de avaliação de um programa social ou política pública:
No caso será falado apenas sobre avaliação de impacto, que verifica efeitos causais do programa.
Avalia-se impacto para:
Nem sempre é interessante avaliar o impacto de uma política pública, pois costuma ser caro. Porém, em algumas situações é melhor arcar com os custos de avaliar impacto do que lidar com as consequências de uma política mal desenhada. Mesmo que não seja encontrado efeito positivo no programa, essa informação também é importante para que as decisões erradas não sejam repetidas futuramente.
Impacto pode ser compreendido como a diferença entre duas situações:
Resultados que os participantes do programa obtêm um tempo depois de participar do programa.
Um contrafatual: Resultados que esses mesmos participantes teriam obtido nesse mesmo momento no caso hipotético de não terem participado do programa.
Ou seja, o impacto é dado pelo resultado com o programa menos o resultado sem o programa.
Porém, como o contrafatual é um cenário hipotético, não é observável. Para obter esse resultado é preciso replicar ou construir o contrafatual.
Isso pode ser feito selecionando uma amostra do grupo de interesse e a dividindo em dois grupos: um recebe o programa(tratamento) e um grupo é para comparação(controle). A escolha dos grupos pode ser feita de diversas formas e essa é etapa é crucial para o desenho da avaliação.
A principal diferença entre eles é a forma de estimar o contrafatual.
Métodos não experimentais: Antes e depois, Diferença simples.
Métodos quasi-experimentais: Regressão multivariada, Diferenças em diferenças, Pareamento, regressão descontínua
Método experimental: Seleção aleatorizada de grupos de tratamento e controle.
Não serão explicados com detalhes todos os métodos, mas será usado um exemplo abaixo para explicar alguns.
Suponha que um governo tenha implementado um programa de expansão de creches.
Objetivo: Entrada de mães jovens no mercado de trabalho, aumentando a renda familiar.
Público alvo: Mães de 16-25 anos de baixa renda.
Vamos medir o impacto do programa sobre a taxa de emprego de mães jovens.
Mede como os participantes mudam ao longo do programa e o grupo de controle são os mesmos participantes, mas antes de entrar no programa. Uma premissa muito forte do método é que não há fatores relevantes no tempo que afetem o resultado do programa, o que leva muitas vezes a superestimar o efeito do programa.
No nosso exemplo, suponha que antes do programa a taxa de emprego de mães jovens era de 30% e após o programa passou a ser de 54%. fazendo \(54-30 = 24\), temos 24 p.p. de diferença. Ou seja, o programa teve um efeito positivo de 80%.
Mede a diferenças entre os participantes e os não participantes, depois do programa. O grupo de controle são os não participantes e os dados são recolhidos após o programa. Nesse caso, a premissa é que a única diferença entre os grupos é o programa(os dois grupos têm a mesma probabilidade de participar), o que pode levar a erros no efeito.
Suponha que a taxa de emprego de mães jovens após participação no programa é 54%. A taxa de emprego das que não participaram é de 52%. fazendo \(54-52 = 2\), temos 2 p.p. de diferença. Ou seja, o programa teve um efeito positivo de 3,84%.
| Antes | Depois | Diferença p.p. | |
|---|---|---|---|
| Participaram | 30% | 54% | 24 |
| Não participaram | 29% | 52% | 23 |
Também conhecido como RCT(Randomized Controlled Trial), esse método vem ganhando cada vez mais credibilidade, principalmente após o prêmio Nobel de Economia de 2019 para Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer.
A definição do grupo de tratamento é feita por sorteio e o grupo de controle deve ser igual ao grupo de tratamento em todas as dimensões, exceto em receber ou não o programa.
Na ausência do programa, grupos de tratamento e controle são comparáveis em variáveis observáveis e não observáveis.
Tem como premissa que uma escolha aleatória bem feita elimina o viés de seleção antes que o programa se inicie e cria grupos estatisticamente idênticos. Por consequência qualquer diferença observável nos indicadores de resultados pode ser atribuída ao programa.
A forma de obtenção da amostra também vai influenciar na eficácia desse método.
Até certo nível, o experimento possui validade externa, ou seja, seus resultados podem ser aproveitados para algum outro programa ou estudo(isso é questionável).
Observar variáveis que não são normalmente observáveis(Karlan, Zinman 2009).
Método amplamente utilizado para pesquisas de combate à pobreza.
Especialmente eficaz para avaliação de políticas pelos motivos citados acima.
Ética
Complexidade
Externalidade
Cursos da J-PAL
https://www.povertyactionlab.org/page/micromasters
Guia do Banco Mundial
https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/25030/9781464808890.pdf
Econometria introdutória
https://periodicos.ufpe.br/revistas/politicahoje/article/viewFile/3710/3012
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/ShowProperty?nodeId=%2FUCMServer%2FWCC198881
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/ShowProperty?nodeId=%2FUCMServer%2FWCC198881
https://periodicos.ufpe.br/revistas/politicahoje/article/viewFile/3710/3012
https://jcaetanoleite.medium.com/sobre-rcts-e-desenvolvimento-f17ce44686d1
http://unionstats.gsu.edu/9220/Meyer_JBES_1995.pdf
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.3982/ECTA5781
https://terracoeconomico.com.br/nobel-2019-entre-dilemas-tecnicos-e-eticos-um-premio-a-ousadia/
https://www.mdpi.com/2072-4292/11/17/1958
https://www.nber.org/papers/w27569
https://elibrary.worldbank.org/doi/abs/10.1596/978-0-8213-7745-1