Fernando Pessoa

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Van Gogh



Lisbon Revisited (1923)

NÃO: Não quero nada. Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas! Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica! Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) — Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade. Assim, como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço! Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho. Já disse que sou sozinho! Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância — Eterna verdade vazia e perfeita! Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflete! Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo… E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Machado de Assis

Carolina

Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda a humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs o mundo inteiro. Trago-te flores – restos arrancados Da terra que nos viu passar unidos E ora mortos nos deixa e separados. Que eu, se tenho nos olhos malferidos Pensamentos de vida formulados, São pensamentos idos e vividos.

A uma senhora que me pediu versos

Pensa em ti mesma, acharás Melhor poesia, Viveza, graça, alegria, Doçura e paz. Se já dei flores um dia, Quando rapaz, As que ora dou têm assaz Melancolia. Uma só das horas tuas Valem um mês Das almas já ressequidas. Os sóis e as luas Creio bem que Deus os fez Para outras vidas.

Livros e flores

Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor, Em que melhor se leia A página do amor? Flores me são teus lábios. Onde há mais bela flor, Em que melhor se beba O bálsamo do amor?

No alto

O poeta chegara ao alto da montanha, E quando ia a descer a vertente do oeste, Viu uma cousa estranha, Uma figura má. Então, volvendo o olhar ao subtil, ao celeste, Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha, Num tom medroso e agreste Pergunta o que será. Como se perde no ar um som festivo e doce, Ou bem como se fosse Um pensamento vão, Ariel se desfez sem lhe dar mais resposta. Para descer a encosta O outro lhe deu a mão.

Círculo vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vagalume: “Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!” Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: “Pudesse eu copiar-te o transparente lume, Que, da grega coluna à gótica janela, Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela” Mas a lua, fitando o sol com azedume: “Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume”! Mas o sol, inclinando a rútila capela: Pesa-me esta brilhante auréola de nume… Enfara-me esta luz e desmedida umbela… Por que não nasci eu um simples vagalume?”…

ERRO

Erro é teu. Amei-te um dia Com esse amor passageiro Que nasce na fantasia E não chega ao coração; Não foi amor, foi apenas Uma ligeira impressão; Um querer indiferente, Em tua presença, vivo, Morto, se estavas ausente, E se ora me vês esquivo, Se, como outrora, não vês Meus incensos de poeta Ir eu queimar a teus pés, É que, — como obra de um dia, Passou-me essa fantasia. Para eu amar-te devias Outra ser e não como eras. Tuas frívolas quimeras, Teu vão amor de ti mesma, Essa pêndula gelada Que chamavas coração, Eram bem fracos liames Para que a alma enamorada Me conseguissem prender; Foram baldados tentames, Saiu contra ti o azar, E embora pouca, perdeste A glória de me arrastar Ao teu carro… Vãs quimeras! Para eu amar-te devias Outra ser e não como eras… (Crisálidas – 1864)

EPITÁFIO DO MÉXICO

Dobra o joelho: — é um túmulo. Embaixo amortalhado Jaz o cadáver tépido De um povo aniquilado; A prece melancólica Reza-lhe em torno à cruz. Ante o universo atônito Abriu-se a estranha liça, Travou-se a luta férvida Da força e da justiça; Contra a justiça, ó século, Venceu a espada e o obus. Venceu a força indômita; Mas a infeliz vencida A mágoa, a dor, o ódio, Na face envilecida Cuspiu-lhe. E a eterna mácula Seus louros murchará. E quando a voz fatídica Da santa liberdade Vier em dias prósperos Clamar à humanidade, Então revivo o México Da campa surgirá. (Crisálidas – 1864)

O VERME

Existe uma flor que encerra Celeste orvalho e perfume. Plantou-a em fecunda terra Mão benéfica de um nume. Um verme asqueroso e feio, Gerado em lodo mortal, Busca esta flor virginal E vai dormir-lhe no seio. Morde, sangra, rasga e mina, Suga-lhe a vida e o alento; A flor o cálix inclina; As folhas, leva-as o vento. Depois, nem resta o perfume Nos ares da solidão… Esta flor é o coração, Aquele verme o ciúme. (Falenas – 1870)

Soneto de natal

Um homem, — era aquela noite amiga, Noite cristã, berço do Nazareno, — Ao relembrar os dias de pequeno, E a viva dança, e a lépida cantiga, Quis transportar ao verso doce e ameno As sensações da sua idade antiga, Naquela mesma velha noite amiga, Noite cristã, berço do Nazareno. Escolheu o soneto . . . A folha branca Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca, A pena não acode ao gesto seu. E, em vão lutando contra o metro adverso, Só lhe saiu este pequeno verso: “Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Os dois horizontes

A M. Ferreira Guimarães (1863) Dous horizonte fecham nossa vida: Um horizonte, — a saudade Do que não há de voltar; Outro horizonte, — a esperança Dos tempos que hão de chegar; No presente, — sempre escuro, — Vive a alma ambiciosa Na ilusão voluptuosa Do passado e do futuro. Os doces brincos da infância Sob as asas maternais, O vôo das andorinhas, A onda viva e os rosais. O gozo do amor, sonhado Num olhar profundo e ardente, Tal é na hora presente O horizonte do passado. Ou ambição de grandeza Que no espírito calou, Desejo de amor sincero Que o coração não gozou; Ou um viver calmo e puro À alma convalescente, Tal é na hora presente O horizonte do futuro. No breve correr dos dias Sob o azul do céu, — tais são Limites no mar da vida: Saudade ou aspiração; Ao nosso espírito ardente, Na avidez do bem sonhado, Nunca o presente é passado, Nunca o futuro é presente. Que cismas, homem? — Perdido No mar das recordações, Escuto um eco sentido Das passadas ilusões. Que buscas, homem? — Procuro, Através da imensidade, Ler a doce realidade Das ilusões do futuro. Dous horizontes fecham nossa vida.

Fonte: https://escolaeducacao.com.br/10-poemas-de-machado-de-assis/

Esher

RMarkdown

Para fazer tópicos/bullets.

“Se nos ferem, não sangramos?”

  1. Hamlet,
  2. MacBeth,
  3. Otelo,
  4. O Mercador de Veneza,
  5. Romeu & Julieta.

“Winter Is Coming”

“Winter Is Coming”

“Winter Is Coming”

“Winter Is Coming”

“Winter Is Coming”
“Winter Is Coming”

Como colocar imagem local?

Basta adicionar o comando:

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Aparência e Estilo

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Exemplo 1:

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Exemplo 2:

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Cadê o banco de dados

## Warning: package 'DT' was built under R version 3.5.2

Matriz de Correlação

##            disp        drat         hp        mpg        qsec         wt
## disp  1.0000000 -0.71021393  0.7909486 -0.8475514 -0.43369788  0.8879799
## drat -0.7102139  1.00000000 -0.4487591  0.6811719  0.09120476 -0.7124406
## hp    0.7909486 -0.44875912  1.0000000 -0.7761684 -0.70822339  0.6587479
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Mas que coisa sem graça!

## Warning: package 'corrplot' was built under R version 3.5.2
## corrplot 0.84 loaded

Nuvem de palavras

Como criar a minha nuvem de palavras?

LaTeX

Temos duas formas de colocar equações do LaTeX no RMarkdown A primeira….

``` \[r =\frac{COV(x,y)}{S_xS_y} \]

A segunda…

Que tal colocar a função de densidade da Normal?

\[\begin{equation} f(x) = \frac{1}{2\pi\sigma^{2}} e^{-\frac{1}{2 \sigma^{2}} (x - \mu)^{2}} \end{equation}\]

Um modelo de regressão

## 
## Call:
## lm(formula = mpg ~ hp, data = mtcars)
## 
## Coefficients:
## (Intercept)           hp  
##    30.09886     -0.06823

A estimativa do \(\beta_1\) desse modelo linear simples é -0.0682283.

E se fosse uma apresentação? como devemos fazer?


Existem diversas forams de apresentações no Rmarkdown. As mais utilizadas são:
a. ioslides_presentation
b. slidy_presentation
c. beamer_presentation
d. slidify
e. sharigan
f. reveals.js
g. Rpresentation

Exemplos:

output: ioslides_presentation
output: slidy_presentation

Usando CSS

<style>
body {
    background-color: #f7f5de;
}
</style>