Juan Pablo Edwards Molina


A mancha alvo é uma doença da soja causada pelo fungo Corynespora cassiicola, com presencia em todas regiôes productoras do Brasil. O uso de cultivares resistentes ao patógeno é recomendado, porém são poucas as opções disponíveis no mercado.

Differenças de critérios para clasifficar os genótipos segundo sua resistência a infecções de C. casiicola podem levar a dificuldade na escolha das variedades de melhor comportamento.

Mancha alvo em soja

A seguinte análise tem por finalidad revisar a literatura em relação à resistência dos genotipos de soja do Brasil Corynespora cassiicola, e classificar os mesmos de maneira geral através de todos os experimentos em conjunto.

» Banco de dados

A recopilação dos dados consistiú em 5 trabalhos realizados nos últimos 5 anos no Brasil, onde genótipos de soja (linhagens ou variedades comericiais) foram inoculados com diferentes isolados de Corynespora casiicola e avaliada a intensidade de mancha alvo.

São incluidos dentro de um mesmo experimento aqueles genótipos testados no mesmo trabalho e inoculados com um mesmo isolado, e, quando possível, agrupados por mesmo tipo de base genética em quanto a sua resistência a Glifosato, sendo classificados segundo esta característica como convencionais (conv) ou resistente a glifosato (rr).

Segundo os critérios antes mencionados obtiveram-se finalmente 25 experimentos, a continuação detalhados:

     exp          Autor              Isolado Genotipos Herbicida
  1    1 Albertoni_2009                48/96        12      conv
  2    2 Albertoni_2009                48/96         8        rr
  3    3     Wruck_2009         Santa_Carmem        22      conv
  4    4     Wruck_2009                Sinop        22      conv
  5    5     Wruck_2009         Santa_Carmem        28        rr
  6    6     Wruck_2009                Sinop        28        rr
  7    7     Wruck_2010      Chapadao_do_sul        28      conv
  8    8     Wruck_2010         Santa_Carmem        28      conv
  9    9     Wruck_2010 São_Gabriel_do_Oeste        28      conv
  10  10     Wruck_2010                Sinop        28      conv
  11  11     Wruck_2010              Sorriso        28      conv
  12  12     Wruck_2010      Chapadao_do_sul        28        rr
  13  13     Wruck_2010         Santa_Carmem        28        rr
  14  14     Wruck_2010 São_Gabriel_do_Oeste        28        rr
  15  15     Wruck_2010                Sinop        28        rr
  16  16     Wruck_2010              Sorriso        28        rr
  17  17  Ferreyra_2012           Uberlândia         7         a
  18  18  Ferreyra_2012              Pitanga         7         a
  19  19  Teramoto_2013             Maracajú        12         a
  20  20  Teramoto_2013            Morrinhos        12         a
  21  21  Teramoto_2013            Querência        12         a
  22  22  Teramoto_2013            Rio_verde        12         a
  23  23  Teramoto_2013              Sorriso        12         a
  24  24  Teramoto_2013        Sorriso_campo        12         a
  25  25  Teramoto_2013        Tasso_Fragoso        12         a

O procedimento da análise consistiú em estimar para cada genótipo, uma razão de intensidade de doença (rd) com respeito à média intra-experimento (de). Isto permite comparar diferente tipo de variáveis utilizadas para medir o nivel de doença, como severidade em % (na maioria dos casos), severidade com escala de notas, ou bem, desfolha ocasionada pela mesma doença.

\[rd=\frac{dg}{de}\]

Onde, rd: razão de doença dc: doença do genótipo (média das repetiçoes intra-experimento) de: doença do experimento (média de todos os genótipos intra-experimento)

Resultando:

Valores de rd=1 corresponde a intensidades iguais a média do experimento, e

Valores de rd<1 o rd>1, correspondem, respetivamente, a menor ou maior intensidade de doenca que a media do seu proprio experimento.

Exemplo: rd=1.23 » significa 23% acima da média de doenca dos genotipos onde foi testado.

» Tabela resumo com IC95

Na seguinte tabela são detalhados os de valores de rd médio com o intervalo de de 95% confiança (lower - upper) para cada genótipo presente em mais de 3 experimentos (n).

                 geno  n   rd lower upper
  1             A7002  7 1.12  0.94  1.30
  2          ANTA82RR 12 1.00  0.91  1.09
  3        BR05-83097  5 0.84  0.41  1.27
  4        BR05-86275  5 0.64  0.25  1.03
  5        BRM04-1660  7 1.26  1.02  1.50
  6   BRN03-14041R(3)  5 1.03  0.88  1.18
  7       BRN05-06567  5 0.97  0.89  1.05
  10      BRN06-12315  5 0.86  0.76  0.96
  11      BRN06-12380  5 0.76  0.61  0.91
  12      BRN06-18371  5 1.73  1.58  1.88
  13      BRN06-19017  5 0.91  0.87  0.95
  14      BRN06-24433  5 1.27  1.14  1.40
  34          BRS7960  7 0.77  0.55  0.99
  35          BRS8660  7 0.80  0.56  1.04
  36        BRSGO8360  7 1.20  0.87  1.53
  37      BRSMG750SRR  7 0.62  0.37  0.87
  38        BRSMG752S  7 0.93  0.77  1.09
  39        BRSMG790A  7 1.26  0.92  1.60
  40        BRSMG810C  7 1.22  1.05  1.39
  41      BRSMG811CRR  7 1.56  1.04  2.08
  42      BRSMG850GRR  7 1.10  0.81  1.39
  44       BRSTRACAJÁ  7 1.34  1.00  1.68
  46        CONQUISTA  5 1.08  0.97  1.19
  53            M8400  5 0.64  0.50  0.78
  55     MGBR01-71257  7 0.56  0.25  0.87
  67      MGBR06-4485  5 0.80  0.53  1.07
  68      MGBR06-4486  5 0.77  0.53  1.01
  69      MGBR08-7733  5 1.23  1.07  1.39
  70      MGBR08-7744  5 0.64  0.46  0.82
  71     MGBR08-77511  5 0.83  0.72  0.94
  72     MGBR08-77513  5 0.89  0.78  1.00
  73     MGBR08-77533  5 1.05  0.73  1.37
  74     MGBR08-77535  5 0.86  0.76  0.96
  75     MGBR08-77543  5 0.79  0.54  1.04
  76     MGBR08-77550  5 0.63  0.11  1.15
  77     MGBR08-77913  5 1.45  1.09  1.81
  78      MGBR08-7852  5 0.66  0.49  0.83
  79      MGBR08-7853  5 1.06  0.95  1.17
  80         MSOY6101  7 0.91  0.81  1.01
  81       MSOY7908RR  7 1.10  0.79  1.41
  82      M-SOY7908RR  7 1.39  0.80  1.98
  86        M-SOY8866  7 0.66  0.47  0.85
  87       MSOY8867RR  4 0.61  0.20  1.02
  88      M-SOY9144RR  7 0.90  0.74  1.06
  90            P98Y1  7 0.98  0.79  1.17
  91         POTENCIA  9 1.26  0.95  1.57
  92     RRMG05-44914  5 0.76  0.37  1.15
  105    RRMG05-52921  7 0.87  0.54  1.20
  107    RRMG05-55812  7 1.22  0.98  1.46
  111     RRMG06-5783  5 0.93  0.76  1.10
  112     RRMG06-5793  5 0.70  0.35  1.05
  113     RRMG06-5885  5 1.07  0.76  1.38
  114     RRMG06-5987  5 1.22  0.77  1.67
  115     RRMG06-6011  5 0.88  0.84  0.92
  116     RRMG06-6021  5 1.05  0.66  1.44
  117    RRMG06-60214  5 0.90  0.64  1.16
  118    RRMG06-61222  5 1.11  0.67  1.55
  119     RRMG0661310  5 0.86  0.63  1.09
  120     RRMG07-8536  5 1.13  0.89  1.37
  121    RRMG07-85541  5 1.86  1.32  2.40
  122     RRMG08-8906  5 1.18  0.85  1.51
  123     RRMG08-8923  5 0.92  0.85  0.99
  124     RRMG08-8978  5 1.55  0.97  2.13
  125     RRMG08-9006  5 0.84  0.63  1.05
  126        SAMBAIBA  7 0.67  0.51  0.83
  128         VALIOSA 13 1.00  0.87  1.13

» Interpretação de resultados

De maneira arbitraria, considere-se tres grupos de genótipos segundo a reação a Corynespora cassiicola:

Comportamento Intensidade de doenca rd(IC95) Cor intervalo
Superior inferior à média x < 1 roxo
Médio médio inclui x=1 azul
Inferior superior à média x >1 verde

(Nota: No seguinte gráfico são apresentadas tanto variedades comerciais como linhagens. Resultaría de mais facil interpretação, apresentar apenas variedades comerciais, e agrupar por resistente ou não a glifosato.)

Figura 1: Razão de doença média geral por genótipo. Valores médios de rd seguidos por número de experimentos incluidos

Considerações finais

A presente análise precisa debate critico já que não leva em conta as interações de grande importância na ocorrencia das epidemias e sua intensidade. Porêm, notese, que nos diferentes experimentos, os isolados inoculados são de diferentes regiões, provavelmente para onde as variedades não são recomendadas. E claro, as continuas modificações das populações do patógeno, inviabilizariam testes em casa de vegetação com isolados locais.

Uma provavel forma de captar as interações ambiente / patógeno / hospedeiro, poderia ser experimentos de campo sobre residuos de soja com conhecida infecção de C. cassicola e umidade diaria até aparescimento dos sintômas. Isto aportaria uma valiosa informação (escasa na atualidade) em relação o impacto da doença no rendimento, pudendo detectar assim, variedades tolerantes.