Depois de ontem ter andado a olhar para a indústria distribuidora do cinema nacional através dos dados dos espectadores e não perceber nada do assunto eis que me pus a pensar se o cinema português está mesmo condenado.
Não encontrei uma fonte oficial sobre o número de filmes realizados em Portugal mas a Universidade da Beira Interior tem uma página com os filmes produzidos em Portugal desde 1896 pelo que decidi utilizar estes dados.
require(RCurl)
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aTxt <- getURL("https://dl.dropbox.com/u/5460/sixhat.net/data/cinema-ncaional.txt")
a <- read.table(textConnection(aTxt), header = T, stringsAsFactors = F)
plot(a$Ano, a$Filmes, xlab = "Ano", ylab = "n. filmes")
lines(smooth.spline(a$Ano, a$Filmes, spar = 0.5))
for (x in seq(1900, 2010, by = 10)) {
abline(v = x, col = "grey")
}
E eis que me assolam novamente as dúvidas sobre a coincidência entre o que se passa e o que se diz. Se sem dúvida 1990 foi o ponto mais negro da produção cinematográfica portuguesa com produção só ao nível da verificada durante a 2ª guerra mundial, a produção de 2010 (127), 2011 (140) e 2012 (126) é reveladora de vitalidade. As 3 melhores décadas do cinema português são os anos 30, 70 e agora os 2010 para a frente (Descontando claro 2013 que ainda está no início).
Bem, a produção de cinema é naturalmente dependente do dinheiro existente para o fazer. A chamada subsidio-dependência. Assim, seria normal que o número de filmes produzidos acompanhe alguma forma de riqueza nacional. Vamos verificar o PIB per capita (dados de 1960-2010 do Pordata a preços de 2006).
plot(a$Pib, a$Filmes, xlab = "Pib per capita", ylab = "Filmes por ano")
Não, não parece haver uma relação entre o PIB per capita e o número de filmes produzidos por ano. Continuo a não perceber nada disto. Alguém quer comentar?