O problema a ser analisado trata da seguinte assimetria:

• O sistema midiático brasileiro é apontado como um dos mais concentrados do mundo
• A internet, vista com o potencial para reconfigurar a distribuição de poder e de visibilidade,
• No entanto, este espaço vai se transformando em um oligopólio controlado, em grande medida, por Google e Facebook.

O Facebook, particularmente, é investigado como uma plataforma transnacional que tem a possibilidade de alterar ou, no limite, romper o ordenamento dos sistemas midiáticos nacionais, desorganizando a disputa por visibilidade e desburocratizando a criação de informação.

Objetivo geral: Compreender como se dão os regimes de distribuição de visibilidade no Facebook a partir do estudo da produção e disseminação de postagens sobre o impeachment de Dilma Rousseff em agosto de 2016. Objetivos específicos

• Entender os diferentes usos e apropriações do Facebook por atores político-midiáticos particulares;
• Estudar as características dos atores que publicam conteúdo político no Facebook;
• Mensurar o nível de informação pública disponível sobre estes atores;
• Analisar a disputa por visibilidade tanto no Facebook quanto na imprensa;
• Compreender as práticas comunicativas destas fan-pages, especificamente a produção e compartilhamento de links externos.

• listagem de nós-sementes;
• extração de quem eles seguem;
• limpeza dos dados

Critérios para filtrar fan-pages

• ser seguido por no mínimo três fan-pages da amostra;
• público maior que 1.000 curtidas;
• mais de 10 pessoas falando sobre ;
• ter realizado publicações sobre o impeachment e temas relacionados no mês de agosto de 2016
• linguagem em português brasileiro.

O resultado final foi de 2.535 fan-pages

Consideramos como Imprensa Tradicional tanto as grandes indústrias nacionais e internacionais de mídia e jornalismo, como a TV Globo e a BBC Brasil, quanto veículos públicos, como a TV Cultura e de alcance mais localizado, como o jornal O Povo Online, entre outros. Repórteres e colunistas fixos destes veículos também estão codificados sob esta categoria, na medida em que sua produção nas mídias sociais replica grande parte do conteúdo publicado originalmente para os meios de massa. Por fim, consideramos portais de notícia e braços digitais de organizações midiáticas tradicionais, como o G1 Notícias, UOL e o Portal R7 como Imprensa tradicional, por fazerem parte do ponto de vista organizacional de conglomerados midiáticos estabelecidos.

Jornal Nacional (8,4 milhões de seguidores)

Embora o termo “alternativo” seja, a priori, uma simplificação de fenômenos muito mais complexos e crie uma superficial percepção binária entre tradicional/contra-hegemônico, operacionalizaremos o conceito para dar conta de um tipo de ator político-midiático com duas características (1) se auto-identifica a partir do afastamento e da crítica a veículos mainstream; e (2) de alguma forma, faz referência a práticas midiáticas de produção informacional, sejam elas midiativista, jornalismo independente, mídia cidadã ou similares.

Jornalistas Livres (1 milhão de seguidores)

Por artistas ou celebridades, entendemos nesta pesquisa indivíduos que atingiram fama e reconhecimento público por meio de produtos das indústrias culturais e aparições recorrentes em veículos midiáticos de massa, como músicos, cineastas, atores, apresentadores de talk shows, entre outros; ou críticos especializados que são publicamente reconhecidos a partir de sua autoridade para avaliar produtos culturais.

Carioca (4,5 milhões de seguidores)

Essa categoria é formada por indivíduos ou organizações com poder de decisão política. Para isso, devem ocupar cargos e posições em um dos três poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário. São considerados elite política: partidos políticos, políticos ocupantes de mandato (presidente, governador, prefeito, deputado, senador, vereador), ou que ocuparam cargos no passado, além de ministros, secretários e demais apontados a cargos públicos no governo.

Marcel van Hattem dep.RS (340 mil seguidores)

São as fan-pages oficiais de órgãos da administração pública federal, estadual ou municipal brasileira, do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Nesse sentido, essa categoria se dedica às iniciativas governamentais de utilização de canais no Facebook para divulgação de informações ou publicidade institucional sobre os atores, projetos e resultados dos poderes, departamentos e agências públicos.

Senado Federal (3,2 milhões de seguidores)

Os movimentos sociais são uma categoria analítica que pertence ao construto mais amplo de Sociedade Civil. Assim, optamos por inserir, também, nesta chave outras formas de ativismo político, como coletivos, ONGs, associações locais, sindicatos e páginas que fazem campanha de causas políticas e sociais, como: UNE, Movimento Brasil Livre, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e Levante Negro

Movimento Contra a Corrupção (3,3 milhões de seguidores)

Profissionais ou organizações reconhecidos pela especialização em uma profissão ou área de pesquisa, com artigos na imprensa, publicação de livros e produção de conteúdo na web; bem como institutos de pesquisa e think tanks. Foram classificados nesta categoria: Instituto Teotônio Vilela, CES Estudos Sindicais, Empiricus Research.

Leandro Karnal (1,4 milhões de seguidores)

Há um conjunto muito grande de páginas que não se encaixam nas categorias anteriores. De fato, a maior parte dos atores na amostra possui características diferentes das elencadas até aqui, que, apesar das sobreposições, limites imprecisos e dificuldades de operacionalização, são bem estabelecidas e documentadas pela bibliografia. Essas páginas foram classificadas como Criadores de Conteúdo Digital, porque existem e possuem atuação comunicativa quase que exclusivamente na web, mais especificamente em plataformas de mídias sociais. Esta é uma categoria guarda-chuva que será aprofundada em momentos futuros da pesquisa. Exemplo: Esquerda Valente, Canal da Direita e Dilma Bolada.

Quebrando o Tabu (9,1 milhões de seguidores)

Canal do Otário (1,2 milhões de seguidores)

Eu Era de Direita e Não Sabia (450 mil seguidores)

Índice de informação pública

• Quem Somos: se há detalhamento sobre os objetivos e missão da página;
• Site: se possui um website em funcionamento, importante para indicar as fan-pages que existem apenas nas mídias sociais.
• Nome dos responsáveis: se a fan-page identifica nominalmente as pessoas que são responsáveis pelo conteúdo publicado. Neste caso, foram considerados políticos, editores, blogueiros, ativistas, diretores de institutos, lideranças de movimentos sociais, entre outros.
• Wikipédia: se há página no Wikipédia especificamente para o ator em questão;
• Endereço Físico: se possui uma sede física, com endereço divulgado na página ou no website;
• Contato: se há algum meio de contato, seja por e-mail, telefone ou formulário.

O índice foi criado a partir da soma dos valores, atribuindo pesos 3 para o nome dos responsáveis, 2 para website e 2 para Wikipédia.

- Indivíduos: pessoa, perfil oficial

- Modularidade: posicionamento em clusters da rede como aproximação para Ideologia

Tradicionalmente uma medida associada à cobertura de atores políticos pela imprensa jornalística, a visibilidade foi operacionalizada nesta pesquisa com foco em duas dimensões: aparição na imprensa e audiência no Facebook.

Visibilidade no Facebook

• Total de seguidores;
• Compartilhamentos das postagens

Visibilidade na imprensa

• Menções na Folha de São Paulo
• Retorno de busca no Google News