Lauda
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Estrutura


  1. Introdução

  2. Metodologia e Visão Geral do Modelo

  3. Dados

  4. Resultados

  5. Considerações Finais

Referências


1. Introdução


Problema:

Hipótese:

Objetivo Geral:

Objetivos Específicos:

  1. Modelar a economia brasileira com base em um DSGE novo-keynesiano que incorpore parâmetros comportamentais (inatenção e miopia temporal);

  2. Comparar as respostas dinâmicas do PIB, inflação, consumo privado e gasto público diante de choques positivos de juros e de consumo do governo;

  3. Avaliar se a introdução de elementos comportamentais altera a sensibilidade e o tempo de resposta das variáveis macroeconômicas;

  4. Examinar o grau de coordenação entre as políticas monetária e fiscal sob os dois regimes de expectativas; e

  5. Identificar implicações de política econômica que derivem de uma abordagem mais realista e comportamental para o contexto brasileiro.

Justificativa:

Principais Resultados:

  1. Os agentes comportamentais apresentaram maior sensibilidade inicial a choques de política monetária, resultando em quedas mais acentuadas no PIB e no consumo, mas recuperação mais sustentada no longo prazo.

  2. O modelo racional mostrou retorno mais rápido ao equilíbrio, porém com recuperação menos intensa e menor flexibilidade.

  3. Choques fiscais (aumento do consumo governamental) geraram respostas mais voláteis e adaptativas sob o modelo comportamental.

  4. A política fiscal mostrou capacidade parcial de mitigar os efeitos contracionistas da política monetária, sobretudo no modelo com agentes míopes.

  5. Conclusão geral: a inclusão de parâmetros comportamentais melhora a representação empírica da economia brasileira e reforça a necessidade de coordenação entre políticas monetária e fiscal para alcançar estabilidade e crescimento sustentado.


2. Metodologia e Visão Geral do Modelo


Estrutura geral do modelo:

Base teórica:

Estrutura de agentes e setores:

Diferença entre abordagens (para a transformação comportamental):

Estrutura matemática:

Características gerais:


3. Dados


Período e Frequência:

Variáveis Utilizadas:

Tratamento das Séries:

Tratamento das variáveis observadas
Variável Fonte Tratamento
PIB (yt) IBGE (2023b) Ajuste sazonal pela fonte e primeira diferença.
Consumo do governo (gt) IBGE (2023a) Ajuste sazonal pelo método Census X-13.
Inflação IPCA (πt) IBGE (2023e) Sem tratamento.
Taxa de juros nominal Selic (rt) IBGE (2023b) Primeira diferença.
Nota: 94 observações.

4. Resultados


4.1 Priors & Posteriores dos Parâmetros

Abordagem metodológica:

  • Estimação Bayesiana via Metropolis-Hastings.

  • Priors definidos com base em estudos anteriores aplicados ao Brasil e à literatura internacional.

  • Comparação entre duas abordagens: racional versus comportamental (M=0,8)

Fontes teóricas das distribuições a priori:

  • Parâmetros calibrados com base em Christiano et al. (2005), Woodford (2003), Clarida, Galí & Gertler (2001) e Gabaix (2020).

  • Adaptações ao contexto brasileiro conforme Araújo Júnior et al. (2024).

Tabela I – Parâmetros estimados do modelo proposto
Parâmetro Média a priori Desvio padrão a priori Dist. Abordagem racional
(média a posteriori)
Abordagem racional
(desvio padrão a posteriori
Abordagem comportamental
(média a posteriori)
Abordagem comportamental
(Desvio padrão a posteriori)
Fator de desconto intertemporal (β) 0,989 0,05 Normal 0,9897 0,0005 0,9896 0,0005
IES (σ) 1,3 0,05 Normal 1,2911 0,0485 1,2724 0,0486
Suavização da tx. de juros (γr) 0,5 0,25 Beta 0,9138 0,0185 0,9529 0,0141
Inflação (γπ) 1,5 0,75 Gama 1,4571 0,2656 1,8840 0,7394
PIB (γy) 0,5 0,25 Gama 1,3017 0,9800 0,6231 0,2135
Superávit primário (ϕs) 0,5 0,05 Beta 0,4766 0,0475 0,4721 0,0472
Déficit gov. (ϕb) 0,05 0,05 Inversa gama 0,0493 0,0075 0,0544 0,0089
Nota: Intervalo de confiança de 90%.
Fonte: Dados derivados das estimativas realizadas.

Resultados gerais das distribuições posteriores:

  • As distribuições posteriores são mais concentradas do que as priors → boa identificação dos parâmetros.

  • Os valores estimados mantêm-se dentro dos intervalos plausíveis da literatura.

  • Pequenas diferenças entre as abordagens racional e comportamental indicam robustez estrutural.

  • A inclusão do parâmetro comportamental M = 0,8 não distorce o ajuste global, apenas altera a velocidade de resposta das variáveis.

Interpretação dos primeiros resultados:

  • A abordagem comportamental preserva a consistência macroeconômica do sistema.

  • A estimação confirma que a racionalidade limitada não compromete a estabilidade do equilíbrio.

  • Os priors bem fundamentados garantem credibilidade estatística e favorecem a replicabilidade do modelo.

4.2 IRFs: choques positivos de taxa de juros

  • A subseção 4.2 analisa as Funções de Impulso-Resposta (IRFs) a um choque positivo na taxa nominal de juros Selic.

  • O objetivo é comparar os efeitos desse choque sob duas abordagens: racional e comportamental.

  • Na abordagem racional, o aumento dos juros provoca queda moderada e gradual no PIB e no consumo, seguida por recuperação relativamente rápida.

  • Na abordagem comportamental, os agentes exibem reação mais intensa e imediata, com redução mais acentuada do PIB e do consumo.

  • A inflação cai após o choque em ambas as abordagens, mas de forma mais prolongada e volátil no modelo comportamental.

  • A política monetária contracionista gera efeito de curto prazo mais forte sob racionalidade limitada, refletindo miopia cognitiva e subestimação das expectativas futuras.

  • A abordagem comportamental evidencia ajuste mais lento e assimétrico, com resposta mais intensa no curto prazo e convergência gradual no longo prazo.

  • A recuperação do PIB e do consumo é mais demorada, mas tende a ser mais sustentada após a estabilização.

  • O choque de juros na abordagem racional reforça a previsibilidade e estabilidade das reações, enquanto no comportamental mostra respostas adaptativas e menos lineares.

  • As IRFs indicam que a inclusão do componente comportamental amplia a sensibilidade das variáveis reais e altera a dinâmica temporal da política monetária.

  • O resultado reforça que racionalidade limitada intensifica os efeitos contracionistas iniciais, mas também prolonga o processo de ajuste econômico.

4.3 IRFs: choques positivos de consumo do governo

  • A subseção 4.3 apresenta as Funções de Impulso-Resposta (IRFs) a um choque positivo de consumo do governo, isto, um aumento temporário nos gastos públicos.

  • O objetivo é observar como as variáveis macroeconômicas (PIB, inflação, consumo privado e taxa de juros) reagem sob as abordagens racional e comportamental.

  • Na abordagem racional, o aumento dos juros provoca queda moderada e gradual no PIB e no consumo, seguida por recuperação relativamente rápida.

  • Na abordagem comportamental, os agentes exibem reação mais intensa e imediata, com redução mais acentuada do PIB e do consumo.

  • A inflação cai após o choque em ambas as abordagens, mas de forma mais prolongada e volátil na abordagem comportamental.

  • A política monetária contracionista gera efeito de curto prazo mais forte sob racionalidade limitada, refletindo miopia cognitiva e subestimação das expectativas futuras.

  • A abordagem comportamental evidencia ajuste mais lento e assimétrico, com resposta mais intensa no curto prazo e convergência gradual no longo prazo.

  • A recuperação do PIB e do consumo é mais demorada, mas tende a ser mais sustentada após a estabilização.

  • O choque de juros Na abordagem racional reforça a previsibilidade e estabilidade das reações, enquanto no comportamental mostra respostas adaptativas e menos lineares.

  • As IRFs indicam que a inclusão do componente comportamental amplia a sensibilidade das variáveis reais e altera a dinâmica temporal da política monetária.

  • O resultado reforça que racionalidade limitada intensifica os efeitos contracionistas iniciais, mas também prolonga o processo de ajuste econômico.


5. Considerações Finais


  1. análise de cenários envolvendo dominância fiscal ou monetária na economia;

  2. exame de situações com limite inferior zero da taxa de juros nominal;

  3. alinhamento das metas fiscais com estratégias de política fiscal; e

  4. a interação entre a política cambial e outras políticas econômicas.


Referências


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