Índices de Capacidade do Processo
\[ Cp = \frac{LSE - LIE}{6\sigma} \]
Quanto maior o Cp, melhor.
Na prática, o desvio padrão é desconhecido e deve ser substituído por uma estimativa de \(\sigma\).
\[ \hat{C}p = \frac{LSE - LIE}{6\hat{\sigma}} \]
Normalmente utilizamos \(s\) ou \(\bar{R}/d_{2}\) para \(\hat{\sigma}\).
A percentagem utilizada mede o quanto da faixa de tolerância está sendo ocupada pela variabilidade do processo.
\[ P_{esp} = \dfrac{1}{C_{p}}\times 100\]
Valores baixos indicam boa folga para atender especificações.
Valores altos indicam risco de não conformidade.
\[ H_0: C_p = C_{p0} \quad\quad H_1: C_p \neq C_{p0} \]
É comum usarmos \(C_{p0}\) igual 1,00 ou 1,33.
\[ \chi^2 = \frac{(n-1) \cdot s^2}{\sigma^{2}_{0}} \sim \chi^2_{n-1} \]
\[ \sigma_{0} = \dfrac{LSE-LIE}{6 \cdot C_{p0}} \]
Rejeitar \(H_{0}\) se \(\chi^{2} <\chi^{2}_{\alpha,n-1}\).
Isso significa que a variabilidade é suficientemente baixa para atingir o \(C_{p}\) desejado.
Exemplo:
Dados:
LIE = 9,9 mm
LSE = 10,1 mm
n=30 peças, s = 0,021 mm
C\(_{p0}\)=1,33
\[ \sigma_{0} = \dfrac{10,1 - 9,9}{6 \cdot 1,33} = 0,0251 \]
\[ \chi^2 = \frac{(30-1) \cdot 0,021^{2}}{0,0251^{2}} = 20,34 \]
\[ \chi^{2}_{0,05;\; 29} = 17,71 \]
Passo 4: Como 20,34 > 17,71, não rejeitamos \(H_{0}\), ou seja, o processo não é capaz.
\[ Cpu = \frac{LSE - \mu}{3\sigma}, \quad Cpl = \frac{\mu - LIE}{3\sigma} \]
Substituindo pelas estimativas:
\[ \hat{C}pu = \frac{LSE - \bar{x}}{3\hat{\sigma}}, \quad \hat{C}pl = \frac{\bar{x} - LIE}{3\hat{\sigma}} \]
\[ Cpk = \min(Cpu, Cpl) \]
A variabilidade do processo corresponde a 69,7% de toda a variabilidade permitida (LSE - LIE).
A variabilidade do processo corresponde a 80,6% de toda a variabilidade permitida (LSE - LIE).
Índice | Valor |
---|---|
Cp | 0.913 |
Cpu | 0.880 |
Cpl | 0.946 |
Cpk | 0.880 |
Interpretação
Cp alto: processo com baixa variabilidade
Cpk menor que Cp: processo descentrado
Cpk > 1.33: processo capaz
Cpk < 1.00: processo não capaz
Conclusões
Índices de capacidade são essenciais para avaliar a qualidade do processo.
O índice Cpk considera o deslocamento da média.
Use gráficos e tabelas para tomar decisões sobre ajustes no processo.
Um processo tem: LIE = 45, LSE = 55 e \(\sigma\)= 1,5. Calcule C\(_{p}\).
Sabendo que LIE = 12,0, LSE = 12,6, \(\bar{x}\)= 12,25 e \(\sigma\) = 0,06, calcule C\(_{pu}\), C\(_{pl}\) e C\(_{pk}\).
Um processo apresenta C\(_{p}\) = 1,40. Qual é a percentagem da especificação utilizada?
Um processo de envase tem LIE = 495 mL, LSE = 505 mL, \(\bar{x}\) = 503 mL e \(\sigma\) = 2 mL. Calcule C\(_{pu}\), C\(_{pl}\) e C\(_{pk}\) e interprete se o processo é capaz.
Considere LIE = 97, LSE = 103, n = 30 e S = 0,8. Teste, ao nível de significância de 5%, se o processo é capaz para Cp = 1,33.
Você coletou 20 amostras de 5 peças cada, medindo o diâmetro (em mm) de um componente com LIE = 50,00 e LSE = 50,08.
1005, 1008, 1004, 1007, 1006, 1009, 1005, 1004, 1008, 1006.
Especificações: LIE = 1000 g, LSE = 1010 g.
qcc
Função principal: qcc(data, type, sizes, center, std.dev, ...)
Tipos comuns:
Variáveis: "xbar", "R", "S", "xbar.one" (individuais)
Atributos: "p", "np", "c", "u"
newdata
[,1] [,2] [,3] [,4] [,5]
[1,] 9.857919 10.051377 9.950662 9.930491 9.809676
[2,] 9.990994 9.843019 9.666412 9.923955 10.183799
[3,] 9.884931 10.121593 9.676423 9.988888 10.103881
[4,] 10.060231 10.021135 9.871859 9.830059 9.795174
[5,] 10.023529 9.810505 9.901889 9.948782 10.368772
[6,] 9.869610 10.047077 10.015592 9.807629 9.985738
LCL UCL
9.713457 10.24352
[1] 9.978491
x_ind <- rnorm(60, mean = 10, sd = 0.15)
q_ind <- qcc(x_ind, type = "xbar.one",
xlab = "Ordem", ylab = "Valor",
title = "Individuais (X-bar.one)")
Dica: para IMR, use type = "xbar.one"
para individuais e construa a amplitude móvel com funções auxiliares, se necessário.
defeitos <- c(2,1,0,3,2,1,0,4,2,1, 2,3,1,0,2)
tamanhos <- rep(50, length(defeitos))
q_p <- qcc(defeitos, type = "p", sizes = tamanhos,
xlab = "Amostra", ylab = "Proporção defeituosa",
title = "Gráfico p")
Outros:
type = "np"
(número de defeituosos, tamanhos fixos)
type = "c"
(contagem de não conformidades, área fixa)
type = "u"
(contagem por unidade, área variável)
Fase I (estudo) \(\rightarrow\) Fase II (monitoramento)
Fase I: ajusta limites com dados históricos
Fase II: monitora novas amostras (newdata
)
# Fase I
q_xbar_f1 <- qcc(dados, type = "xbar", sizes = n_size)
# Novas amostras (Fase II)
dados_novos <- matrix(rnorm(5*n_size, mean = 10.10, sd = 0.20),
ncol = n_size, byrow = TRUE)
q_xbar_f2 <- qcc(dados, type = "xbar", sizes = n_size,
newdata = dados_novos,
title = "Fase II: monitoramento com newdata")
Tendências e padrões (sinais suplementares)
Exemplos práticos a observar:
Sequência de pontos do mesmo lado da LC.
Tendência crescente/decrescente longa.
Ciclos sugerindo sazonalidade/turnos.
Estratégia:
Confirmar medição.
Procurar causas especiais (máquina, operador, matéria-prima, setup).
Corrigir e voltar a fase estável.
process.capability()
:
Process Capability Analysis
Call:
process.capability(object = q_xbar, spec.limits = spec)
Number of obs = 100 Target = 10
Center = 9.978 LSL = 9.5
StdDev = 0.1975 USL = 10.5
Capability indices:
Value 2.5% 97.5%
Cp 0.8437 0.7263 0.9609
Cp_l 0.8074 0.6982 0.9165
Cp_u 0.8800 0.7634 0.9966
Cp_k 0.8074 0.6773 0.9375
Cpm 0.8387 0.7219 0.9554
Exp<LSL 0.77% Obs<LSL 0%
Exp>USL 0.41% Obs>USL 1%
Value 2.5% 97.5%
Cp 0.8436917 0.7262715 0.9609170
Cp_l 0.8073971 0.6982467 0.9165476
Cp_u 0.8799862 0.7634207 0.9965517
Cp_k 0.8073971 0.6773364 0.9374579
Cpm 0.8387345 0.7219112 0.9553638
[1] 118.5267
Interpretação:
% baixo \(\rightarrow\) boa folga
% alto \(\rightarrow\) risco de não conformidade
Checklist prático
Dados confiáveis? (medição, limpeza).
Processo em controle antes de falar de capacidade.
Escolha o gráfico adequado (variáveis × atributos).
Tamanho de amostra coerente.
Verifique tendências/padrões.
Documente ações corretivas.
Gere 25 amostras (n = 4) de N(50,0.3\(^{2}\)) e construa X-bar + R. Interprete.
Simule 12 amostras de 200 itens com defeitos (Poisson/Binomial) e construa:
p
e np
(com tamanhos constantes);u
com tamanhos variáveis.Introduza dois pontos anômalos e discuta o impacto no monitoramento (Fase II).
Gere um relatório em markdown.
LOUZADA, Francisco; DINIZ, Carlos; FERREIRA, Paulo. Controle estatístico de processos: uma abordagem prática para cursos de engenharia e administração. Grupo Gen-LTC, 2000.
Montgomery, D. C. (2009). Introduction to Statistical Quality Control (7ª ed.). Wiley.
help(qcc)
, vignette(“qcc”)