O estudo teve como objetivo analisar o desempenho individual dos deputados estaduais no Paraná e sua correlação com seu sucesso eleitoral, com foco nos padrões geográficos de votação e na produção legislativa. Isso envolveu uma análise estatística abrangente dos dados de votação e das propostas legislativas apresentadas pelos deputados.
Nesse sentido, uma análise de regressão foi conduzida para testar a relação entre o total de votos recebidos em 2002 e várias variáveis explicativas, como a porcentagem de aparições negativas na mídia, tipos de projetos legislativos apresentados (por exemplo, projetos de utilidade pública) e porcentagens regionais de votação.
Além disso, a pesquisa examinou o impacto do sistema eleitoral brasileiro, particularmente a representação proporcional de lista aberta, que incentiva a reputação individual em relação à filiação partidária. Um sistema que influencia as estratégias de campanha dos deputados e seu foco em questões localizadas.
Por fim, dados empíricos da 14ª Legislatura foram utilizados e testes estatísticos foram realizados para estabelecer um modelo, identificando os principais fatores que afetam a reeleição de deputados, com base em seu comportamento legislativo e engajamento dos eleitores.
Verificou-se que deputados que se concentraram em atividades legislativas geograficamente concentradas, como projetos regionais, tiveram chances significativamente melhores de reeleição. Isso indica que os esforços localizados ressoam bem com os eleitores, aumentando o sucesso eleitoral. Por exemplo, aqueles com uma alta porcentagem de votos regionais tinham maior probabilidade de serem reeleitos, demonstrando uma clara correlação entre ações legislativas localizadas e resultados eleitorais.
Ademais, o estudo encontrou uma forte correlação entre o tipo de produção legislativa e o desempenho eleitoral. Especificamente, os deputados que propuseram uma porcentagem maior de projetos de utilidade pública e leis municipais tiveram melhores taxas de reeleição. Isso sugere que iniciativas individuais podem efetivamente complementar a lealdade partidária, destacando a importância da marca pessoal em um sistema eleitoral fragmentado.
Outro ponto percebido foi a alta taxa de rotatividade entre deputados, com muitos mudando de partido durante o mandato. Essa instabilidade pode minar a lealdade partidária e complicar a responsabilidade dos eleitores, indicando uma fraqueza no sistema político que pode afetar a governança a longo prazo. Isso porque as frequentes mudanças partidárias tornam difícil para os eleitores identificarem e responsabilizarem seus representantes.
Além disso, é importante falar que, apesar da ênfase em ações individuais, variáveis relacionadas à visibilidade e temas políticos controversos não mostraram resultados estatisticamente significativos em influenciar a reeleição. Por exemplo, a cobertura negativa da mídia se correlacionou com uma chance de 39,3% de não ser reeleito, sugerindo que, embora a visibilidade seja importante, ela não garante o sucesso eleitoral.
Por fim, constata-se, então, a natureza dual do sistema político brasileiro, onde tanto as ações individuais quanto a dinâmica partidária desempenham papéis cruciais na formação do comportamento parlamentar e dos resultados eleitorais. Essa complexidade indica que embora os esforços individuais sejam importantes, eles devem ser equilibrados com a lealdade partidária e a ação coletiva para maximizar o sucesso eleitoral.