Grupos funcionais ecológicos são categorias de espécies que desempenham papéis semelhantes em um ecossistema, independentemente de sua taxonomia ou parentesco evolutivo. Ao agrupar espécies com funções ecológicas semelhantes, é possível simplificar a análise da complexa rede de interações em um ecossistema, ajudando a entender como essas interações afetam processos como a ciclagem de nutrientes, a dinâmica da população e a estrutura da comunidade.
Esses grupos são definidos com base em características funcionais, que são traços que influenciam o desempenho das espécies em um determinado ambiente. As características funcionais podem incluir o tipo de alimento que uma espécie consome, sua estratégia de reprodução, como obtém energia, entre outras. A categorização em grupos funcionais permite prever como alterações no ecossistema, como mudanças climáticas ou intervenções humanas, podem impactar as funções ecológicas e os serviços que esses ecossistemas oferecem.
Exemplos de Grupos Funcionais Ecológicos
Herbívoros: Os herbívoros são um exemplo clássico de grupo funcional, composto por organismos que se alimentam de plantas. Dentro desse grupo, podem existir subgrupos, como pastadores, que consomem gramíneas e outras plantas rasteiras, ou frugívoros, que se alimentam de frutas. Um exemplo seria os antílopes na savana africana, que pastam grandes quantidades de capim e têm papel crucial na manutenção do equilíbrio das comunidades vegetais.
Decompositores: Fungos e bactérias que decompõem matéria orgânica são outro exemplo de grupo funcional. Eles têm a função de reciclar nutrientes ao degradar restos de organismos mortos, transformando-os em substâncias mais simples que podem ser reabsorvidas pelo solo. Um exemplo são os fungos do gênero Penicillium, que desempenham um papel vital na decomposição de folhas e outros materiais vegetais.
Polinizadores: Este grupo inclui espécies que transferem pólen entre flores, facilitando a reprodução sexual das plantas. Abelhas, borboletas, morcegos e até algumas aves fazem parte desse grupo funcional. A abelha doméstica (Apis mellifera), por exemplo, é um polinizador essencial para a agricultura e a reprodução de várias plantas silvestres.
Predadores de Topo: Esses organismos estão no topo da cadeia alimentar e controlam as populações de herbívoros e outros predadores menores. Lobos, leões e águias são exemplos de predadores de topo. Eles desempenham um papel crucial em manter o equilíbrio das populações de suas presas, evitando que haja uma superexploração dos recursos vegetais.
Fixadores de Nitrogênio: Algumas plantas e bactérias formam um grupo funcional especializado em converter o nitrogênio da atmosfera em formas que as plantas podem utilizar. Plantas leguminosas, como o feijão, formam associações simbióticas com bactérias do gênero Rhizobium, que fixam nitrogênio no solo, enriquecendo-o e beneficiando o crescimento de outras plantas.
Importância dos Grupos Funcionais
A categorização em grupos funcionais permite uma compreensão mais clara dos processos ecológicos. Ao monitorar esses grupos, os ecologistas podem avaliar a resiliência de um ecossistema frente a mudanças, identificar espécies-chave para a manutenção do equilíbrio ecológico e propor ações de conservação mais eficazes. Além disso, a extinção ou a introdução de espécies dentro de um grupo funcional pode ter efeitos em cascata em todo o ecossistema, demonstrando a importância de cada função ecológica para a estabilidade do ambiente.
Em resumo, grupos funcionais ecológicos facilitam a análise de como os organismos interagem com o ambiente e entre si, e são uma ferramenta valiosa para a conservação e gestão ambiental.
Script básico em R que usa dados fictícios para demonstrar uma análise de grupos funcionais tróficos com PCA e agrupamento hierárquico. Para isso, utilizamos variáveis que representam características tróficas, como tipo de alimentação, nível trófico, biomassa e outras variáveis associadas à função ecológica.
library(ggplot2)
library(FactoMineR)
library(factoextra)
library(cluster)
dados <- data.frame(
especie = c("Especie_A", "Especie_B", "Especie_C", "Especie_D", "Especie_E",
"Especie_F", "Especie_G", "Especie_H"),
tipo_alimentacao = factor(c("Herbívoro", "Carnívoro", "Onívoro", "Herbívoro",
"Decompositor", "Onívoro", "Carnívoro", "Herbívoro")),
nivel_trofico = c(1, 4, 2, 1, 0, 2, 4, 1), # 1: Herbívoro, 2: Onívoro, 4: Carnívoro, 0: Decompositor
biomassa = c(120, 85, 150, 110, 50, 130, 90, 115), # Biomassa estimada
consumo_diario = c(15, 25, 18, 14, 10, 20, 22, 16) # Consumo diário (em kg)
)
print(dados)
## especie tipo_alimentacao nivel_trofico biomassa consumo_diario
## 1 Especie_A Herbívoro 1 120 15
## 2 Especie_B Carnívoro 4 85 25
## 3 Especie_C Onívoro 2 150 18
## 4 Especie_D Herbívoro 1 110 14
## 5 Especie_E Decompositor 0 50 10
## 6 Especie_F Onívoro 2 130 20
## 7 Especie_G Carnívoro 4 90 22
## 8 Especie_H Herbívoro 1 115 16
dados_quant <- dados[, -c(1:2)]
head(dados_quant)
## nivel_trofico biomassa consumo_diario
## 1 1 120 15
## 2 4 85 25
## 3 2 150 18
## 4 1 110 14
## 5 0 50 10
## 6 2 130 20
pca <- PCA(dados_quant, scale.unit = TRUE, graph = FALSE)
fviz_eig(pca, addlabels = TRUE, ylim = c(0, 50))
fviz_pca_biplot(pca,
geom.ind = "point", # Mostrar as espécies como pontos
pointshape = 21, pointsize = 3,
fill.ind = dados$tipo_alimentacao, # Colorir por grupo trófico
col.var = "black", repel = TRUE, # Variáveis como setas
legend.title = "Grupo Trófico") +
ggtitle("PCA de Grupos Funcionais Tróficos")
dist_matrix <- dist(dados_quant)
hclust_result <- hclust(dist_matrix, method = "ward.D2")
fviz_dend(hclust_result,
k = 4, # Número de grupos que esperamos encontrar
rect = TRUE, # Desenhar retângulos ao redor dos grupos
rect_border = "jco",
rect_fill = TRUE,
main = "Dendrograma de Grupos Funcionais Tróficos")
grupos <- cutree(hclust_result, k = 4)
dados$grupo <- as.factor(grupos)
print(dados)
## especie tipo_alimentacao nivel_trofico biomassa consumo_diario grupo
## 1 Especie_A Herbívoro 1 120 15 1
## 2 Especie_B Carnívoro 4 85 25 2
## 3 Especie_C Onívoro 2 150 18 3
## 4 Especie_D Herbívoro 1 110 14 1
## 5 Especie_E Decompositor 0 50 10 4
## 6 Especie_F Onívoro 2 130 20 1
## 7 Especie_G Carnívoro 4 90 22 2
## 8 Especie_H Herbívoro 1 115 16 1
O gráfico de PCA permite observar como as espécies se distribuem no espaço com base em suas características funcionais. O dendrograma de agrupamento hierárquico ajuda a identificar grupos de espécies que desempenham funções tróficas semelhantes no ecossistema, facilitando a visualização de padrões de agrupamento funcional.
- Faça o Download do dataset “dados_especies_nichos.xlsx” (Disponível em: https://github.com/leocbc/BIOSTATS/blob/main/dados_esp%C3%A9cies_nichos.xlsx) e realize analise(s) de grupos funcionais.
- Dicas para o Exercício:
- Discuta as implicações ecológicas dos grupos identificados, como suas funções dentro do ecossistema e possíveis consequências de suas interações.
- Explorar diferentes métodos de agrupamento e comparar os resultados obtidos.