Disciplina Introdução à Ciência de Dados em Saúde
Bronquiolite (2012-2023)
1 Introdução
Neste trabalho, realizamos uma análise abrangente dos dados de bronquiolite no Brasil entre 2012 e 2023, respondendo a quatro questões fundamentais. Primeiramente, quantificamos o total de hospitalizações por bronquiolite ao longo desse período, fornecendo uma visão geral da carga dessa condição. Em seguida, exploramos a sazonalidade da bronquiolite, identificando padrões mensais e variações sazonais que podem impactar a saúde pública. Analisamos também a diferença de gastos entre a média histórica e o mês de maior incidência, destacando períodos de maior pressão financeira sobre o sistema de saúde. Por fim, comparamos o gasto mensal médio com bronquiolite antes, durante e após a pandemia de COVID-19. Utilizamos o banco de dados de Bronquiolite (2012-2023) do DATASUS e dados populacionais do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de ferramentas de análise em R/rmarkdown para conduzir esta investigação.
2 Total de hospitalizações por bronquiolite entre 2012 e 2023
2.1 Número de Hospitalizações
Entre os anos de 2012 e 2023, o Brasil registrou mais de 618 mil hospitalizações por bronquiolite. No gráfico abaixo, é possível observar que os casos de internações hospitalares entre 2012 e 2016 ficaram em torno de 45 mil. A partir de 2017, começa uma tendência de aumento nos casos, chegando a 58.145 em 2019. Entretanto, em 2020 foram registradas apenas 15.358 internações. Os dados também mostram o ano de 2023 com um número de hospitalizações próximo ao dobro dos casos pré-pandemia, com quase 95 mil internações.
df_summary <- df %>%
group_by(year = year(date)) %>%
summarise(total_cases = sum(cases_brazil))
ggplot(df_summary, aes(x = factor(year), y = total_cases)) +
geom_bar(stat = "identity", fill = "skyblue") +
geom_text(aes(label = total_cases), vjust = -0.5, color = "black", size = 3) + # Adicionando rótulos
labs(x = "Período", y = "Hospitalizações", title = "Hospitalizações por bronquiolite por ano no Brasil",caption = "Dados obtidos do DataSUS") +
theme_minimal()2.2 Taxa de Hospitalizações
Também foram analisadas as taxas de hospitalizações no mesmo período onde podemos observar uma tendência ao aumento das hospitalizações por bronquiolite entre 2012 e 2019 (50 hospitalizações x 100.000 habitantes para 68 hospitalizações x100.000 habitantes, respectivamente), seguindo de importante queda em 2020 (25 hospitalizações x100.000 habitantes) e posterior aumento na taxa partir de 2021, com pico em 2023 (120 hospitalizações x 100.000 habitantes).
Linha azul pontilhada: erro padrão.
total_hospitalizations = sum(df$cases_brazil)
ggplot(df, aes(x = date, y = inc_br)) +
geom_line(color="black",size=1) +
theme_minimal() +
geom_smooth(method = "loess", se = TRUE, color = "steelblue", linetype = "dashed",fill = "lightblue")+
labs(x="Período",
y ="Hospitalizações por 100.000 habitantes",
title="Taxa de hospitalizações por bronquiolite no Brasil (2012-2023)",
caption = "Dados obtidos do DataSUS") +
scale_x_date(date_breaks = "1 year", date_labels = "%Y")3 Sazonalidade de bronquiolite entre 2012 e 2023
ts_br = ts(df$inc_br, start = c(2012,1), end = c(2023,12), frequency = 12)
fried_value = fried(ts_br,freq = 12)Com o objetivo de investigar a variação sazonal na incidência de bronquiolite ao longo dos diferentes períodos analisados, utilizou-se o teste de Friedman, que revelou diferenças significativas na incidência (X² = 77.041958; p < 0.001). Esse resultado confirma que existe uma sazonalidade significativa na incidência de bronquiolite.
Nos gráficos abaixo, são apresentados os padrões sazonais de bronquiolite em séries temporais. Os resultados sugerem que há um aumento importante nos casos de bronquiolite começando em fevereiro e atingindo o pico em abril e maio. Após este pico, os casos começam a diminuir gradualmente até setembro. Dessa forma, este padrão sugere uma sazonalidade forte, com a maior incidência de casos ocorrendo na transição do verão para o outono. De setembro a janeiro, os casos de bronquiolite são significativamente menores, sugerindo que a bronquiolite é menos prevalente durante o final do ano e o começo do próximo ano, corroborando com dados de menos internações em hospitais, possivelmente devido ao clima mais quente da primavera e do verão no Brasil.
Em 2023 destaca-se como o ano com o maior pico de casos, com mais de 125 casos em abril, da mesma forma que em 2012 também mostra um aumento considerável nos casos, porém menores que em 2023. Em 2020, onde se obtém a linha mais baixa, com um número de casos consistentemente baixo durante todo o ano, possivelmente influenciado pela pandemia de COVID-19 e medidas de distanciamento social.
A variação nos picos de casos entre os anos sugere que fatores externos, como mudanças climáticas, intervenções de saúde pública, e surtos específicos podem afetar a incidência anual de bronquiolite, corroborando com a consistencia sazonal em que na primavera e verão os casos de incidência são menores. No entanto, é importante ressaltar que não há um padrão uniforme para todos os anos, mas a sazonalidade geral é notável.
# Definindo os meses em português
month_labels <- c("Jan", "Fev", "Mar", "Abr", "Mai", "Jun", "Jul", "Ago", "Set", "Out", "Nov", "Dez")
# Plotando a sazonalidade com ggseasonplot
ggseasonplot(ts_br, season.labels = month_labels) +
geom_line(size = 1.0) +
theme_minimal() +
labs(title = "Sazonalidade dos casos de bronquiolite",
x = "Mês",
y = "Casos") +
scale_color_discrete(name = "Ano")# Plotando a sazonalidade com ggsubseriesplot
ggsubseriesplot(ts_br) +
theme_minimal() +
labs(x = "Mês",
y = "Casos",
title = "Sazonalidade dos casos de bronquiolite (2012-2023)") +
scale_x_continuous(breaks = 1:12, labels = month_labels)4 Diferença de Gastos entre a Média Histórica e o Mês de Maior Incidência
4.1 Gastos Médios Mensais
A média dos gastos mensais ao longo do período estudado foi de R$ 1.813.787,95 (DP=1.517.789,59). O mês de maior incidência foi em maio, com gastos de R$ 3.156.649,91. A diferença percentual entre os gastos no mês de maior incidência e a média histórica dos gastos foi de 74,04%.
A tabela a seguir mostra a média de gastos de cada mês:
4.2 Visualização dos Gastos Mensais
Visualizamos os gastos mensais ao longo do período estudado para entender melhor a variação nos gastos. No grafico abaixo é possíve observar que historicamente o mes de maio foi realizado os maiores gastos com tratamento de até R$ 8.813.478,57.
# Criando o boxplot
ggplot(df, aes(x = month, y = gastos_brazil)) +
geom_boxplot() +
geom_point(data = subset(df, month == "Mai"), aes(x = month, y = gastos_brazil), color = "red", size = 3) +
labs(title = "Gastos Mensais",
x = "Meses",
y = "Gastos (R$)") +
theme_minimal()4.3 Visualização dos Gastos ao longo do Tempo
O grafico de linhas abaixo mostra os gastos totais ao longo tempo e destaca que em 4/2023 ocorreu o pico dos gastos.
# Criando um gráfico de linha dos gastos totais no Brasil
ggplot(df, aes(x = date, y = gastos_brazil)) +
geom_line(color = "black", size = 1) +
geom_text(data = data.frame(x = as.Date(max_date), y = max_spending, label = paste("Máximo:", max_spending)), aes(x = x, y = y, label = label), vjust = -0.5) +
geom_text(data = data.frame(x = as.Date(mean(df$date)), y = mean_spending, label = paste("Média:", round(mean_spending, 2))), aes(x = x, y = y, label = label), vjust = -10) +
theme_minimal() +
labs(x = "Período", y = "Gastos (R$)", title = "Gastos Totais com Hospitalizações por Bronquiolite no Brasil (2012-2023)") +
scale_x_date(date_breaks = "1 year", date_labels = "%Y")5 Gasto mensal médio com bronquiolite pré e pós pandemia de COVID-19
5.1 Gastos pré e pós pandemia
No período pré-pandemia, que abrange de janeiro de 2012 até fevereiro de 2020, a mediana foi de R$ 1.132.185 (IQR: R$ 1.087.979). Durante o período pandêmico, de março de 2020 até março de 2022, a mediana aumentou para R$ 1.609.021 (IQR: 1.585.333). Já no período pós-pandemia, de abril de 2022 até dezembro de 2023, a mediana atingiu R$ 3.374.157 (IQR: R$ 2.917.681).
#Filtrando dados para o terceiro período
pre_pandemico <- df %>% filter(date >= as.Date("2012-01-01") & date <= as.Date("2020-02-01"))
pandemico <- df %>% filter(date >= as.Date("2020-03-01") & date <= as.Date("2022-03-01"))
pos_pandemico <- df %>% filter(date >= as.Date("2022-04-01") & date <= as.Date("2023-12-01"))
df <- df %>%
mutate(covid = case_when(
date < as.Date("2020-03-01") ~ 0,
date >= as.Date("2020-03-01") & date <= as.Date("2022-03-01") ~ 1,
date >= as.Date("2022-04-01") ~ 2
))
# Calculando a média dos gastos para o período histórico e o terceiro período
median_spending_period1 <- round(median(pre_pandemico$gastos_brazil),2)
median_spending_period2 <- round(median(pandemico$gastos_brazil),2)
median_spending_period3 <- round(median(pos_pandemico$gastos_brazil),2)
#Criando o gráfico
ggplot(df, aes(x = factor(covid), y = gastos_brazil, fill = factor(covid)))+
geom_boxplot() +
scale_fill_manual(values = c("firebrick3", "dodgerblue2", "chartreuse2"),
labels = c("0" = "Pré-pandemia", "1" = "Pandemia", "2" = "Pós-pandemia")) +
scale_x_discrete(labels = c("0" = "", "1" = "", "2" = "")) +
labs(x = "", y = "Gastos",
title = "Comparação de gastos entre os períodos",
fill="Período") +
theme_minimal()6 Conclusão
Neste trabalho, realizamos uma análise detalhada dos dados de bronquiolite no Brasil entre 2012 e 2023, abordando diversas questões cruciais. Primeiramente, quantificamos o total de hospitalizações por bronquiolite, observando uma tendência de aumento a partir de 2017, seguida por uma queda significativa em 2020 devido à pandemia de COVID-19, e um novo aumento em 2023. Em termos de taxa de hospitalizações, identificamos um crescimento consistente até 2019, uma queda abrupta em 2020, e um pico em 2023. Analisamos também a sazonalidade da bronquiolite, utilizando o teste de Friedman, que confirmou uma sazonalidade significativa com picos de incidência nos meses de abril e maio, e menor prevalência de setembro a janeiro. Avaliamos a diferença de gastos entre a média histórica e o mês de maior incidência, destacando que maio apresentou gastos significativamente mais altos. Finalmente, comparamos os gastos mensais médios pré e pós pandemia, destacando as variações significativas no impacto financeiro da bronquiolite. Esta análise fornece uma compreensão abrangente das dinâmicas de hospitalizações e gastos com bronquiolite, o que pode auxiliar na formulação de políticas de saúde pública mais eficazes para lidar com essa condição.