PROJETO FINAL - INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DE DADOS NO R - 2023.2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PROFESSOR: Antônio Vinícius Barros Barbosa
TAXA DE JUROS AMERICANA E CRISES ECONÔMICAS (2023)
1. Introdução
A necessidade de encontrar formas de antecipar ou prever possíveis crises economicas é um fator crucial para a estabilidade e crescimento economico. Com isso é possível amenizar os seus problemas, pois assim ela se torna mais previsível, mitigando os impactos negativos que irão a vir. Medidas mensuráveis podem ser usadas de forma estratégica.
2. Pacotes Utilizados
3. Metodologia
A metodologia adotada neste projeto se baseou na utilização dos dados do Federal Reserve Economic Data, por meio da função getSymbols, por ela é possível buscar os dados direto do site do Federal Reserve Economic Data. O site fornece uma vasta quantidade de dados econômicos, incluindo séries temporais sobre emprego, produção, preços, e muitos outros indicadores econômicos dos Estados Unidos e de várias outras economias ao redor do mundo.
Esse projeto visa utilizar as taxas de juros dos Estados Unidos, sendo elas o Fed Funds Rate e o Treasury Bill como base, com o objetivo de identificar os momentos em que há a inversão dessas taxas e como a economia americana respondeu a essas mudanças. Além de usar os dados de desemprego, PIB real e PIB potencial para observar se quais foram os comportamentos desses dados durante os momentos de inversão das taxas de juros.
4. Bases de Dados Utilizadas
5. Desenvolvimento
Como dito anteriormente, uma das formas que os Estados Unidos usam para fazer previsão de possíveis crises econômicas, é por meio de suas diversas taxas de juros, as que foram escolhidas para este trabalho foram:
Fed Funds Rate: É a taxa básica de juros americana, é equivalente a Taxa Selic. É por meio dessa taxa de juros que as instituições finânceiras negociam os títulos federais. A sua importância se expande por toda a economia, porque é por meio dela que o Estado implementa parte de suas políticas monetárias. Com essa taxa os juros que os bancos fazem suas transações diárias, é uma taxa de juros considerada de curtíssimo prazo. Para o estudo em questão nós a chamaremos de taxa de curto prazo.
Treasury Bills: Também chamado de T-Bills, é o nome dado a um tipo de título de dívida dos Estados Unidos, a emissão é feita pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. O método é muito parecido com o que acontece no Brasil com o Tesouro Direto. O governo emite títulos de dívida com remuneração após determinado período em troca de recursos imediatos que viabilizem projetos, ajustes de infraestrutura e outros aspectos importantes para o país. Existe taxas de vários períodos, 1, 2, 3 ou 6 meses e as de 1 e 2 anos. No projeto em questão foi usado a taxa de 2 anos.
5.1. Longo Prazo
Como dizia Paul Krugman: “a produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo”, para haver crescimento econômico sustentável em um país, é imprescindível pensar no longo prazo, pois muitos investimentos apenas terão verdadeiros resultados após alguns anos, alguns requerindo até décadas. É nesse sentido que as taxas de juros de longo prazo ganham força, pois elas são uma forma de mensurar as expectativas sobre a economia.
A inversão da curva de juros é frequentemente vista como um sinal de alerta antecipado de recessão econômica. Isso ocorre porque a inversão da curva de juros sugere que os investidores estão menos otimistas em relação ao futuro da economia e estão buscando segurança em investimentos de longo prazo, mesmo que isso signifique retornos menores.
6. Dados Históricos de Taxas de Juros (1976 - 2024)
7. Análise (1976 - 2024)
7.1. 1978-1980
A instabilidade geopolítica gerada pela Revolução Iraniana em 1979, causa uma elevação dos preços do petróleo, que já vinham subindo desde 1973. Foi pratico níveis mais baixos de juros nessa década, afim de estimular a economia estadunidense, porém também houve uma crescente pressão inflacionário nesse período. No final da década de 1970 O Federal Reserve decide aumentar as taxas de juros para controlar a inflação, o que levou a uma inversão da curva de juros. A inversão antecedeu uma recessão nos EUA, que começou em janeiro de 1980 e durou até julho do mesmo ano.
Em 1980 a inflação continua alta, o que faz o Federal Reserve novamente elevar as taxas de juros de curto prazo, levando a uma nova inversão de juros. Durante a recessão, a produção industrial e o emprego caíram significativamente, e a inflação diminuiu devido à redução da demanda agregada.
7.2. 1989-1990
Durante o final da década de 1980, os Estados Unidos enfrentaram pressões inflacionárias devido a vários fatores: gastos excessivos do governo, aumentos nos preços de ativos, flutuações dos preços do petróleo devido a Guerra do Irã-Iraque e até mesmo a demanda agregada, que já se encontrava em patamares elevados. Em 19 de outubro de 1987, ocorreu o crash do índice Dow Jones, esse dia ficou conhecido como “Segunda-Feira Negra”, onde em apenas um dia o índice caiu em 22%. O Crash abalou a confiança dos investidores e dos consumidores, levando a uma desaceleração na atividade econômica e para conter a crise, o governo dos Estados Unidos aumentou os gastos públicos, direcionando recursos inclusive para a Guerra do Golfo.
Essa política monetária expansionista estimulou o crescimento inflacionário americano e como resposta, o Federal Reserve resolve elevar as taxas de juros, causando assim uma nova inversão da curva de juros.
7.3. 2000-2001
No final da década de 1990, os Estados Unidos experimentaram uma bolha especulativa no mercado de ações, especialmente no setor de tecnologia e internet, os preços das ações de muitas empresas de tecnologia atingiram níveis insustentáveis, alimentados por expectativas irrealistas de crescimento e lucro.
7.4. 2006-2008
Entre 2006 e janeiro de 2008, os Estados Unidos testemunharam uma série de eventos econômicos significativos que culminaram na crise financeira global de 2008. Uma bolha imobiliária em expansão, alimentada por práticas de empréstimos arriscadas e uma expansão do crédito hipotecário de alto risco, resultou em preços de imóveis inflacionados. Isso foi seguido por uma crise no mercado hipotecário subprime, com altas taxas de inadimplência e execução hipotecária. O colapso de instituições financeiras proeminentes, como o Lehman Brothers, desencadeou pânico nos mercados financeiros globais. O governo dos EUA teve que intervir com medidas de resgate e estímulos econômicos para enfrentar os desafios, marcando o início de uma crise financeira de proporções globais.
Além disso, anos antes, houve uma mudança no fluxo de capitais dos países emergentes. Estes conseguiram adquirir significativas reservas com o objetivo de se prevenir de eventuais crises. As reservas foram depositadas nos títulos do tesouro americano, o que, por sua vez, gerou distorções nas taxas de juros.
7.5. 2019 até o momento
No contexto pós-2019, as taxas de juros assumiram um papel ainda mais proeminente diante dos desafios econômicos resultantes da pandemia de COVID-19 e das transformações nas condições globais de comércio. A capacidade do Federal Reserve em ajustar as taxas de juros de curto prazo, como a Fed Funds Rate, tornou-se crucial para estimular a recuperação econômica e manter a estabilidade financeira, nesse sentido, a taxa de juros foi um instrumento escencial para enfrentar a pandemia.
No entanto, é importante ressaltar que a reversão da curva de juros, especialmente quando a taxa de curto prazo supera a de longo prazo, pode ser um indicador de alerta para a possibilidade de estagnação econômica.A queda das taxas de juros de longo prazo pode refletir as expectativas dos investidores de que as perspectivas econômicas futuras estão se deteriorando, levando-os a buscar segurança em títulos de longo prazo.