IBC-Br, ÍNDICE DE ATIVIDADE ECONÔMICA DO BANCO CENTRAL, UMA PRÉVIA DO PIB

O IBC-Br é resultado de um levantamento estatístico mais rápido e mais facilmente construído pelo Banco Central. É utilizado principalmente para auxiliar na construção de políticas públicas de curto prazo. Muitas vezes é chamado pela imprensa a “previa do PIB”. Mais recentemente está sendo utilizado pelo setor empresarial como elemento de previsão de custos e vendas. Foi desenvolvido por ser um indicador paralelo ao PIB trimestral para refletir atividade macroeconômica mensal com defasagem mínima de divulgação. É publicado geralmente durante a primeira semana do presente mês estimando a macroeconomia de dois meses atrás. Sendo extremamente valioso como uma representação conveniente do PIB tanto para as empresas como para o governo, o IBC-Br deve ser investigado regularmente, mesmo por cidadãos privados, para evitar erros recorrentes.

Embora ambas as medidas maroeconómicas sejam estimativas do mesmo fenómeno económico, mas com fontes de dados diferentes, naturalmente surgem discrepâncias estatísticas. Isto pode acontecer porque, entre outros problemas, são inevitáveis, dados numéricos imprecisos e erros na coleta de dados . A questão é: essas discrepâncias invalidam a utilidade do IBC-Br como um substituto rápido e de curto prazo para o PIB oficial, que é publicado apenas 4 vezes por ano e com um atraso bastante longo? Em outras palavras, até que ponto eles se aproximam da similaridade permitindo que o IBC-Br seja uma representação rápida do PIB?

DADOS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL

VARIAÇÕES PERCENTUAIS NO PIB TRIMESTRAL e no IBC-Br DESDE O PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2003 ATÉ O SEGUNDO TRIMESTRE DE 2023.

O gráfico acima não é suficientemente esclarecedor, mas serve de guia para alguns comentários adicionais. As medidas são coincidentes? Quando o IBC-Br muda de direção, isso representa um sinal para a mesma mudança no PIB? Muito provavelmente valeria a pena representar graficamente a diferença entre as duas séries como medida de erro, seja em termos de superestimação (crescimento do IBC-Br maior que o PIB) ou de subestimação (IBC-Br menor que o PIB).

SUPERESTIMAÇÃO DE ERRO PERCENTUAL DO IBC-Br POR TRIMESTRE (IBC-Br > PIB)

Uma melhor forma de ver o erro, mês a mês, é estimando a diferença entre o IBC-Br e o PIB. Veja o gráfico acima. Observe os erros relativamente pequenos de 2009 até 2019. Durante esse período, a estimativa do IBC-Br foi relativamente coerente com o PIB. A variação do último trimestre de 2008 e o retorno exagerado em seguida acompanham a crise financeira dos Estados Unidos e claramente o inicio da pandemia no primeiro trimestre de 2020 apresentou grandes erros no IBC-Br.

VARIAÇÃO PERCENTUAL IBC-Br x PIB

No gráfico acima, cada ponto representa o movimento do índice IBC-Br de dados trimestrais e o movimento do índice correspondente para o PIB trimestral. Se o IBC-Br subir em determinado período, isso deverá indicar que o PIB oficial também deverá apresentar aumento quando forem coletados dados mais precisos e disponíveis. Em um mundo perfeito, para estimativas perfeitas do PIB e do IBC-Br, os pontos deveriam correr ao longo da linha diagonal preta onde as duas medidas são iguais. A realidade é obviamente diferente. Para tornar a análise mais clara, o gráfico foi dividido em quatro quadrantes.

O quarto quadrante (IV) aponta erros que são benéficos (e um alívio para os formuladores de políticas) à luz do aumento do PIB, apesar do fato de a estimativa para o IBC-Br ser pessimista. Qualquer erro é indesejável, mas neste caso o erro é considerado de menor importância. Porém, nos 81 trimestres presentes no gráfico, 15 estão no quarto quadrante o que parece ser um número grande. O segundo quadrante também representa erros, mas estes são do tipo catastrófico onde a variação no IBC-Br foi positiva (otimista), mas a variação no PIB foi infelizmente negativa. O otimismo que resulta de uma estimativa de variação positiva no IBC-Br é desqualificado pela queda do PIB. Este é o erro que deve ser evitado a todo custo. Existem apenas 6 erros deste tipo no total de trimestres 81. Parece que o Banco Central não é tão desfavorável aos erros do quadrante IV, onde estimativas decepcionantes de curto prazo são eventualmente superadas pelo alívio de um PIB crescente. Mas, por outro lado, o Banco Central está bem consciente da enorme decepção que advém do falso otimismo interrompido por uma realidade incômoda no quadrante II.

Coincidencia entre IBC-Br e PIB
Quadrante contagem por cento
I 47 58.02
II 6 7.41
III 13 16.05
IV 15 18.52

CONCLUSÕES

Concluímos que o IBC-Br pode estar errado em cerca de 25% das vezes, o que não é uma sequencia pequena de erros, de forma alguma. É comum respeitar as análises de modelos econômicos com erros que ocorrem em 10% das vezes ou menos. Devemos sempre lembrar que uma variável económica única nunca é suficiente para explicar o ambiente macroeconómico, mas sim uma variável única em conjunto com uma série de outras pode contribuir para uma melhor compreensão do fenómeno económico. IBC-Br, usar com cautela.