Estrutura
- Introdução
- A Literatura
- A Metodologia e os Dados
- O Modelo
- Resultados
- Considerações Finais
1 Introdução
Problema: Como as expectativas em relação ao
futuro influenciam o comportamento do desconto intertemporal no
presente?
Hipótese: Abordagem comportamental converge
melhor que a abordagem racional; e há indícios de dominância fiscal na
economia brasileira.
Objetivo Geral: Analisar a interação entre as
políticas monetária e fiscal na economia brasileira, levando em
consideração a racionalidade limitada.
Objetivos Específicos:
- Realizar estimações de parâmetros de desconto intertemporal
distintos para as abordagens racional e comportamental.
- Avaliar o comportamento das políticas monetária e fiscal no Brasil
quando há limitação ou leniência em relação ao horizonte temporal das
expectativas dos agentes econômicos.
- Investigar indícios de dominância fiscal na economia
brasileira.
Justificativa: O próprio cenário econômico
brasileiro.
2 A Literatura
- Regras versus discricionariedade (Kydland & Prescott,
1977).
- Reputação: Barro & Gordon (1983a, 1983b).
- Autonomia, transparência e delegação: Rogoff (1985).
- Regra de Taylor (1993).
- Análises sobre regras ideais para a taxa de juros
- TFNP
- Abordagem novo-keynesiana
- Discussões e estudos realizados no Brasil
- O estudo tanto das políticas monetárias quanto fiscais ganhou mais
uma importante área de estudo e uma de suas subdivisões:
- Economia Comportamental e Macroeconomia Comportamental.
- Ambas emergiram como respostas à crescente compreensão de que os
agentes econômicos nem sempre
- agem de acordo com os pressupostos tradicionais da racionalidade
perfeita, desafiando a visão clássica da economia.
3 A Metodologia e os Dados
Abordagem Racional
- Modelos racionais: Agentes otimizadores que
maximizam função objetivo com restrições.
- Vantagens: Simplicidade, resultados analíticos
precisos, ampla aplicação na economia.
- Políticas monetárias: Metas para a inflação para
reforçar compromisso com agentes econômicos [ver Clarida, Galí &
Gertler (1999)].
- Desafios comportamentais: Comportamento não
racional reduz benefícios do comprometimento.
- Modelo de herança e ciclo de vida: Decisões
considerando transmissão de recursos futuros [ver Marglin (2021)].
- Contextos econômicos: Modelo racional aplicável em
diferentes cenários econômicos.
Abordagem Comportamental
- Modelos incorporam fatores psicológicos e comportamentais dos
agentes econômicos.
- Carroll (2003), Duflo & Saez (2003), Angeletos, Collard &
Dellas (2018), Andrade, Cordeiro & Lambais (2019) e Gabaix
(2020)
- Decisões não racionais: Indivíduos baseiam-se em
regras heurísticas, expectativas adaptativas e interações sociais.
- Influências externas: Consideração de fatores não
puramente econômicos, como vieses cognitivos e influências
culturais.
- Melhor captura do comportamento humano: Modelos
comportamentais aprofundam a compreensão de fenômenos econômicos
complexos.
- Macroeconomia Comportamental: Incorpora
características comportamentais em modelos macroeconômicos.
- Estimação de parâmetros comportamentais: Técnicas
de séries temporais e análise cross-section permitem análise
realista.
Dados
- Estimações Bayesianas: Pacote Dynare/Matlab,
2000Q1-2022Q4, equações já log-linearizadas.
- Consumo do Governo \((g_t)\): consumo trimestral do
governo (% do PIB), dessazonalizado pelo método Census X-13. Fonte:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
- Consumo Privado \((c_t)\): logaritmo do índice do
consumo de bens de consumo, por trimestre, dessazonalizado. Fonte:
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada;
- Taxa de Inflação do IPCA \((\pi_t)\): desvio da taxa (% a.t.)
em relação à sua média, dessazonalizada pelo método Census X-13. Fonte:
IBGE (2023); e
- Taxa Nominal de Juros Selic \((r_t)\): desvio da taxa (% a.t.)
em relação à sua média, dessazonalizada pelo método Census X-13. Fonte:
BCB (2023b).
- Variáveis estacionárias [ver Enders (2009) e Bueno (2011)].
4 O Modelo
4.1 Equação de Euler
\[c_t=ME_t[c_{t+1}]-\frac{1}{\sigma}\left(r_t-E_t]\pi_{t+1}]\right)+\frac{1}{\sigma}(\epsilon^c_t-\epsilon^c_{t+1})\]
As famílias são os consumidores que recebem renda das
empresas.
Elas pagam impostos fixos ao governo e podem investir em títulos
públicos.
\(M\) é um macro-parâmetro de
“inatenção” que mede o desconto cognitivo em relação ao futuro (\(M \in [0,1]\) e \(M = 1\) quando o agente é
racional).
No caso específico dessa pesquisa, \(M\) foi definido, a priori, em
0,8, tal como em Galí & Gertler (1999).
A existência de um limite perceptível no horizonte sugere que as
expectativas deixam de ser racionais.
Como resultado, o impacto do comportamento futuro sobre as
expectativas presentes é limitado.
4.2 Demanda Agregada
\[
y_t=s_cc_t+s_gg_t+\epsilon^y_t
\]
4.3 Curva de Phillips Novo-Keynesiana
\[
\pi_t=M\beta
E_t[\pi_{t+1}]+\lambda_t+\left(\frac{\sigma}{s_c}+\frac{1+\phi}{1-\alpha}-1\right)(y_t-y^n_t)+\epsilon_t^\epsilon
\]
- Merece destaque que o parâmetro de “inatenção” (\(M\) tem o mesmo valor nas Equações (1) e
(3) por ser um parâmetro expectacional e não um parâmetro relacionado a
uma variável específica.
- Quando há a concatenação entre o macro-parâmetro de “inatenção”
(\(M\) e o fator de desconto
intertemporal (\(β\)), tem-se a
suavização do horizonte das expectativas.
- \(M=1\): modelo racional.
- \(M<1\): modelo
comportamental.
4.4 PIB Natural
\[y^n_t=\left[\frac{s_c(1+\phi)}{\sigma(1-\alpha)+s_c(\phi+\alpha)}\right](\epsilon^a_t+1)+m_c+log(1-\alpha)-\epsilon^c_t\]
4.5 Custo Marginal das Firmas
\[m_c=\left(\frac{\sigma}{s_c}+\frac{1+\phi}{1-\alpha}-1\right)(y^n_t)+\epsilon_t^{mc}\]
4.6 Regra de Taylor
\[r_t=r^{\gamma
r}_{t-1}\left[\frac{1}{\beta}E[\pi_{t+1}]^{\gamma\pi}\left(\frac{y_t}{y}\right)^{\gamma
y}\right]^{1-\gamma r}+\epsilon_t^r\]
- Regra mais hawkish.
- Interest rate smoothing: evita solavancos na economia.
- Esse trabalho não pretende trabalhar com taxa de juros zero.
- Detalhe: taxa de juros zero dificultaria as expectativas, tornando o
comportamento dos agentes instável e não previsível.
- Contraponto: Cochrane (2008), crise financeira internacional de
2008.
- No Brasil, esse processo já é capturado pelo regime de metas para a
inflação.
4.7 Regra Fiscal
\[s^y_t=\overline{s}^y(1-\phi_s-\phi_{\overline{s}})+\phi_ss^y_{t-1}+\phi_{\overline{s}}{\overline{s}}_t^y-s_gz_t^g\]
- Sobre o governo, ele cobra impostos e emite títulos para financiar
seu consumo e dívida.
- Além disso, há uma regra de superávit primário do orçamento, cujo
objetivo é estabilizar a trajetória da dívida pública.
- “Lei do Teto de Gastos” tem seus resultados inclusos no termo de
erro.
- Equação utilizada no SAMBA em 2008 (COPOM), 2011 (versão final),
2015 (Brazilian Review of Econometrics) e 2023 (atualização).
4.8 Consumo do Governo
\[g_t=\gamma_gg_{t-1}+(1-\gamma_g)(\phi_ss^*_{t-1})-\phi_bb^y_{t-1}+\epsilon_t^g\]
- Em modelos racionais, tal como argumenta Gabaix (2020), a
Equivalência Ricardiana se mantém e a política fiscal não tem
impacto.
- No entanto, quando há parâmetros comportamentais, o agente não
consegue antecipar perfeitamente os impostos futuros.
- Isso sugere que cortes de impostos e transferências têm um efeito
estimulante não esperado pela literatura econômica, principalmente no
presente.
- A miopia parcial do agente mostra que a implementação de impostos é
mais eficaz quando feita no presente.
5 Resultados
Tabela 1 - Parâmetros estimados do modelo proposto
|
Parâmetro
|
prior mean
|
post. sd
|
Dist.
|
Abordagem racional (post. mean)
|
Abordagem racional (prior sd.)
|
Abordagem comportamental (post. mean)
|
Abordagem comportamental (prior sd.)
|
|
Fator de Desconto Intertemporal \((\beta)\)
|
0,989
|
0,05
|
normal
|
0,9856
|
0,0031
|
1,1379
|
0,0095
|
|
ESI \((\sigma)\)
|
1,3
|
0,05
|
normal
|
1,3137
|
0,048
|
1,3088
|
0,0481
|
|
Interest rate smmothing \((\gamma
r)\)
|
0,5
|
0,25
|
beta
|
0,8671
|
0,0296
|
0,871
|
0,0251
|
|
Inflação \((\gamma r)\)
|
1,5
|
0,75
|
gama
|
2,251
|
0,5309
|
1,8628
|
0,6644
|
|
PIB \((\gamma y)\)
|
0,5
|
0,25
|
gama
|
0,1222
|
0,0531
|
0,1366
|
0,0738
|
Figura 1 - Funções de resposta a impulso: choques positivos de taxa
de juros
(abordagem racional, compilado)
\[c\Downarrow i\Downarrow
y\Downarrow\pi\Downarrow g\Downarrow\]
Figura 2 - Funções de resposta a impulso: choques positivos de
consumo do governo
(abordagem racional, compilado)
\[y\Uparrow c\Downarrow\text{(preocupação
com a sustentabilidade fiscal)} \pi\Uparrow r\Uparrow\]
Figura 3 - Funções de resposta a impulso: choques positivos de taxa
de juros
(abordagem comportamental, compilado)
\[c\Downarrow i\Downarrow
y\Downarrow \pi\Downarrow g\Downarrow\]
Figura 4 - Funções de resposta a impulso: choques positivos de
consumo do governo
(abordagem comportamental, compilado)
\[y\Uparrow\pi\Uparrow r\Uparrow\text{
(política monetária contracionista)} \Rightarrow c\Downarrow i\Downarrow
\]
- Comparação das Políticas Monetárias: A abordagem
comportamental geralmente apresenta respostas mais acentuadas, exceto
para a inflação.
- Política Fiscal e Dinâmica: Ao examinar a política
fiscal, são identificadas nuances na dinâmica entre as abordagens,
destacando como a resposta varia nas Figuras 2 e 4.
- Ação Cíclica e BCB: Na abordagem comportamental, a
ação cíclica é menos pronunciada,
- resultando em ajustes mais graduais da taxa de juros para evitar
surpresas abruptas aos agentes econômicos.
- Alinhamento com Objetivos Econômicos: A abordagem
comportamental do modelo se alinha melhor com os objetivos das políticas
econômicas brasileiras.
- Horizonte de Tempo e Expectativas: A abordagem
racional, sem limitações de horizonte temporal nas expectativas,
contrasta com a abordagem comportamental
- Que introduz um parâmetro de “desatenção” para reduzir o impacto das
expectativas futuras no comportamento presente.
- Impacto do Consumo do Governo: Um aumento no
consumo do governo estimula a demanda agregada e pode aumentar a
produção e o PIB,
- mas também pode agravar pressões inflacionárias se a política fiscal
for pró-cíclica.
- Efeitos da Política Monetária: Um aumento na taxa
de juros Selic, como medida contracionista, visa controlar a demanda e a
inflação.
- No entanto, se a resposta da política monetária for mais forte do
que o esperado, pode levar a uma queda acentuada na demanda agregada e
na atividade econômica.
6 Considerações Finais
- Coordenação e Interação entre Políticas: Mesmo com
perda de interação, as políticas monetária e fiscal demonstram
coordenação e impacto, embora nem sempre de forma imediata.
- Pilares do Tripé Macroeconômico: Os resultados
apontam para a presença do Tripé Macroeconômico no Brasil,
- em que a política monetária contracionista busca estabilidade de
preços e a política fiscal expansionista destaca a importância do
equilíbrio fiscal.
- Impacto sobre o PIB e a Inflação: A análise das
interações entre as políticas monetária e fiscal fornece
insights
- sobre a dinâmica da taxa de câmbio e sua relação com o PIB e a
inflação, destacando a relevância da taxa de câmbio flutuante.
- Abordagem Coordenada e Abrangente: Há a importância
de uma abordagem coordenada e abrangente na gestão da política
econômica.
- Dominância Monetária e Fiscal: O crescimento da DA
(com uma política monetária contracionista) em resposta a um choque
positivo no consumo do governo aponta para a dominância monetária na
economia,
- em que a política monetária exerce influência dominante sobre a
política fiscal e os efeitos econômicos.
Propostas para a Contuidade como Tese
- Texto corrido;
- Recorte temporal:
- LRF;
- Crise financeira internacional de 2008;
- Lei do Teto dos Gastos; e
- Pós-pandemia do novo coronavírus
- Inclusão de funções de impulso resposta:
- Choque de tecnologia; e
- Choque de taxa de imposto
- Melhor identificação do modelo, o que gera:
- Um modelo mais preciso;
- A possibilidade de usar mais variáveis observáveis; e
- A possibilidade de estimação de mais parâmetros.
- Inclusão de mais variáveis de resposta aos impulsos;
- Inclusão de seção de conjuntura econômica;
- Atualização da Literatura utilizada como base;
- Discussão da dinâmica inflacionária talvez de forma isolada; e
- Ampliação da discussão de dominânica monetária/fiscal.