Pesquisa e Dados

Tipos de estudos, variáveis e seus níveis de medidas

Prof. Letícia Raposo

UNIRIO

O que é Estatística?

O que vem à sua mente quando você pensa em Estatística?

Estatística

Ciência que tem por objetivo a coleta, análise e interpretação de dados.

Áreas da Estatística


  1. Descritiva: coleta, organização e apresentação de dados. Resume e descreve características observáveis.

  2. Probabilística: estudo de fenômenos aleatórios. Baseia-se na teoria das probabilidades.

  3. Inferencial: realiza generalizações a partir de amostras.

Por que estudar Estatística?

  1. Análise crítica: interpretação correta de dados e estudos permite identificar erros e vieses em pesquisas da área.
  2. Independência: compreensão de métodos estatísticos garante maior autonomia nas análises de pesquisa.
  3. Análise estatística: aplicação adequada de técnicas estatísticas aprimora a confiabilidade e precisão dos resultados.

Por que pesquisamos?

  • O fumo está relacionado ao câncer de pulmão? 🚬
  • Comer laranja protege da gripe? 🍊

Etapas de uma pesquisa

  1. 📚 Leia a literatura relevante: compreender o que já foi estudado sobre o tema para identificar lacunas de conhecimento.

  2. Gere uma ideia (questão) de pesquisa: formule perguntas gerais para explorar o tema.

  3. Gere uma hipótese de pesquisa: defina uma suposição testável e clara.

  4. 📝 Faça o delineamento do estudo: escolha a metodologia apropriada para testar a hipótese.

  5. 💪 Realize o estudo: colete os dados conforme o delineamento proposto.

  6. 📊 Analise os dados: utilize ferramentas estatísticas adequadas para interpretar os resultados.

  7. 👍 Decida sobre a veracidade da resposta: verifique se os dados corroboram ou refutam a hipótese proposta.

Variáveis

Conceitos que foram mensurados de alguma forma.

Variáveis

  • São características de uma população (amostra) em estudo, possível de ser medida, contada ou categorizada.
  • Assumem diferentes valores, dependendo da pessoa, situação ou tempo.
  • Um e apenas um resultado por respondente.
  • Queremos descobrir como e por que elas podem variar, se elas se relacionam com outras variáveis.

Tipos de variáveis

Qualitativa

  • Representam características de um indivíduo, objeto ou elemento que não podem ser medidas ou quantificadas.
  • As respostas são dadas em categorias.

Quantitativas

  • Representam características de um indivíduo, objeto ou elemento resultantes de uma contagem (conjunto finito de valores) ou de uma mensuração (conjunto infinito de valores).
  • São, em geral, mais informativas do que as qualitativas.

Escala de mensuração

  • Qualitativa
    • Nominal
    • Ordinal
  • Quantitativa
    • Intervalar
    • Razão

Escala nominal


Classifica as unidades em classes ou categorias em relação à característica representada, não estabelecendo qualquer relação de grandeza ou de ordem.

📌 Exemplos: sexo, cor dos olhos, fumante/não fumante, doente/sadio.

Escala ordinal


Existe algum tipo de ordem para as diferentes categorias na escala, mas não há intervalos iguais entre pontos adjacentes na escala.

📌 Exemplos: avaliação do atendimento, grau de escolaridade, classe social, faixa etária.

Escala intervalar


Ordena as unidades quanto a característica mensurada e a diferença entre pontos adjacentes é igual, mas não tem um ponto zero (origem).

📌 Exemplos: temperatura, altitude, QI, ano censitário.

Importante

30°C ⟶ 86°F

60°C ⟶ 140°F

Ao dobrar a temperatura em graus Celsius, não tivemos uma dobra de temperatura em Fahrenheit (140/86 ~ 1,63).

Escala de razão


Ordena as unidades quanto a característica mensurada, possui uma unidade de medida constante, a origem é única e o valor zero expressa a ausência de quantidade, e é possível calcular a razão.

📌 Exemplo: nº de sintomas de uma doença, renda, idade, distância percorrida, peso.

Importante

60 kg ⟶ 66,1387 libras

120 kg ⟶ 132,277 libras

Ao dobrar o peso em kilogramas, tivemos uma dobra do peso em libras (132,277/66,1387 ~ 2).

Número de categorias

  • Dicotômica ou binária: 2 categorias
  • Politômica: 3+ categorias

Escalas de precisão

  • Discreta: os valores são necessariamente números inteiros.
  • Contínua: quando podem assumir qualquer valor dentro de um intervalo e, portanto, podem ser expressas como decimais.

Delineamentos de pesquisa

“Um delineamento falho levará a um resultado falso, independente do método de análise que se empregue.” Fisher (1971)

Tipos de delineamentos

  • Pesquisa de levantamento (survey)
  • Procurando por diferenças
  • Delineamentos correlacionais
  • Causalidade

Pesquisa de levantamento (survey)

Uso de questionários e/ou entrevistas para observar, sem interferência do pesquisador, os elementos da população de interesse.

Procurando por diferenças

  • Delineamento entre grupos
    Avaliar diferenças entre as médias de grupos distintos.

    📌 Diferença do tempo de recuperação entre um grupo que experimenta um novo tratamento e outro que segue um tratamento padrão.

  • Delineamento dentre grupos
    Comparar o mesmo grupo de elementos sob condições distintas.

    📌 Avaliar diferenças de crescimento de um mesmo grupo de plantas sob luz solar e luz artificial.

Procurando por diferenças

Delineamentos correlacionais

Como uma variável pode se alterar à medida que a outra muda?

Causalidade

Saber o que causa a mudança de uma variável de interesse, mas é necessário estudos experimentais.

📌 O que causou o aumento de casos de asma na última década?

📌 Um aumento na dose de uma droga causa a diminuição nos sintoma de uma doença em particular?

Tipos de estudos epidemiológicos

  • Experimental
    O pesquisador controla as variáveis independentes (causa, fatores, tratamentos) de tal forma a obter a variável dependente (efeito, variável resposta).

  • Observacional
    O pesquisador não pode controlar uma variável independente e nem proceder a aleatorização das unidades amostrais. Não há “intervenção” do pesquisador.

Estudo observacional

  • Descritivo
    Apenas descreve a ocorrência de uma doença em uma população, sem analisar possíveis associações entre exposições e efeito.

  • Analítico
    Delineado para examinar a existência de associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde.

    • Ecológico
    • Transversal
    • Caso-controle
    • Coorte

Estudo ecológico

  • As unidades de análise são grupos (populações de países, regiões ou municípios, por exemplo) ao invés de indivíduos.
  • Pode ser feito comparando-se populações em diferentes lugares ao mesmo tempo ou comparando-se a mesma população em diferentes momentos.

Estudo ecológico


Estudo transversal

  • As medidas de exposição e efeito (condição de saúde) são realizadas ao mesmo tempo.
  • Os dados são coletados individualmente e incluem informações relativas ao:
    • Sujeito da pesquisa e do ambiente em que vive no momento da pesquisa;
    • Podem ser relatos de dados retrospectivos (ex.: vacinação, exposições pregressas).

Estudo transversal

Estudo transversal

Estudo de caso-controle

  • Inclui pessoas com o desfecho de interesse e um grupo controle (não afetados pelo desfecho).
  • Os investigadores coletam dados sobre a ocorrência da doença em um determinado momento no tempo e sobre a ocorrência de exposições em algum momento no passado.
  • São longitudinais e retrospectivos (busca, no passado, uma determinada causa (exposição) para a doença ocorrida).

Estudo de caso-controle

Estudo de caso-controle

Estudo de coorte

  • Também chamados de longitudinais ou de incidência, iniciam com um grupo de pessoas livres da doença, classificados em subgrupos, de acordo com a exposição a uma causa potencial da doença ou desfecho sob investigação.
  • As variáveis de interesse são especificadas e medidas, e a coorte inteira acompanhada com o objetivo de ver se o surgimento de novos casos do desfecho insvestigado difere entre os grupos, conforme a presença ou não de exposição.

Estudo de coorte

Estudo de coorte

Coleta de dados

Dados primários

  • Coletados diretamente dos participantes por meio de observação ou entrevistas.
  • Requer desenvolvimento de instrumentos de coleta, como questionários ou formulários específicos.

Dados secundários

  • Já disponíveis em publicações, bancos de dados ou arquivos.
  • Vantagem: reduz o custo e o tempo de coleta, pois os dados já estão prontos para uso.

📌 Para fixar



📚 Referências bibliográficas

  • BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. Ed. UFSC, 2008.

  • DANCEY, Christine P.; REIDY, John G.; ROWE, Richard. Estatística Sem Matemática para as Ciências da Saúde. Penso Editora, 2017.

  • HAIR, J. F. et al. Multivariate data analysis. Cengage. Hampshire, United Kingdom, 2019.