A economia mundial vem atravessando uma fase de dificuldades. A globalização, aliada às operações dos mercados financeiros, tem provocado crises econômicas nos mais diversos países. As bolsas de valores, que no passado tinham seus índices divulgados após o fechamento das operações, atualmente tem seu desempenho conhecido em tempo real e apresentam, em alguns casos, números pouco animadores.
sua relação com o mercado de capitais se concentra, essencialmente, em alguns conceitos estatísticos. Entretanto, é necessário, inicialmente, definir risco. Diferentes autores definem, com poucas diferenças, o conceito de risco, que é a volatilidade do resultado esperado de um evento. Em finanças, esse conceito é normalmente associado a ativos e passivos.
Entende-se por média um número que representa a somatória de um conjunto de valores de uma amostra, dividida pela quantidade de valores utilizados. O valor médio é representado por “xis barra”.
O desvio-padrão mede o quanto pode variar uma amostra a partir de sua média. Quanto menor o desvio-padrão, menos arriscada é a amostra.
É o desvio-padrão elevado ao quadrado e pode ser descrito a partir da fórmula do desvio-padrão, retirando-se a raiz.
Se duas amostras tiverem uma mesma taxa esperada de retorno, a de menor desvio-padrão deve ser escolhida. Se um mesmo desvio-padrão existir em ambas as amostras e os retornos forem diferentes, escolhe-se a de maior retorno. Mas se a opção de escolha estiver entre duas amostras, uma com retorno maior e a outra com desvio-padrão menor, a alternativa para resolver esta questão pode ser o chamado coeficiente de variação.
Se duas amostras tendem a se movimentar conjuntamente, uma correlação pode ser estabelecida. Se a amostra A tende a aumentar quando a B cresce, existe uma correlação positiva. Se a amostra A tende a cair quando B aumenta, existe uma correlação negativa. A correlação é positivamente perfeita se for igual a 1 e negativamente se for igual a menos 1, podendo variar nesse intervalo.
Inicialmente, é preciso relatar que o Country Risk, ou o risco país, calculado e divulgado diariamente pela JP Morgan, é considerado “ponto de partida” da pesquisa. Esse índice é um importante padrão mundial na precificação dos títulos de dívida dos países no exterior.
A JP Morgan forneceu o risco diário de cinco países da América Latina entre janeiro de 1996 e junho de 2002. Os países estudados são os seguintes: Argentina, Brasil, México, Peru e Venezuela.
O EMBI, Emerging Markets Bond Index, índice de risco dos países emergentes, também calculado pela JP Morgan, a partir de 31 de maio de 2002 passou a representar onze países: Argentina, Brasil, Bulgária, Equador, México, Nigéria, Panamá, Peru, Polônia, Rússia e Venezuela. Completando a amostra de índices que representam o risco, existe o LATIN, que representa o risco da América Latina.
A ECONOMÁTICA forneceu os índices das principais bolsas da Argentina, Brasil, México, Peru, Colômbia, Chile e Venezuela.
A pesquisa considerou sete países: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México, Peru e Venezuela. Esses países foram divididos em dois grupos: G1 e G2. O motivo de tal divisão reside no fato de a JP Morgan não calcular o risco país para a Colômbia e para o Chile, mas estes terem sido incluídos no grupo estudado para que fossem correlacionados com os índices EMBI e LATIN e se verificasse se o movimento de tais índices afetavam suas bolsas.
Apresenta países com cálculo e divulgação do country risk Este grupo tem o risco país calculado e divulgado diariamente pela JP Morgan, e é composto por: Argentina, Brasil, México, Peru e Venezuela.
Apresenta países sem cálculo e divulgação do country risk A característica deste grupo, composto pelo Chile e pela Colômbia, é não ter o risco país calculado pela JP Morgan.
Embora o risco país, o EMBI e o LATIN sejam divulgados diariamente e os pregões nos respectivos países também o sejam, um fator foi observado e considerado. Para que medidas de correlação e de desvio-padrão possam ser realizadas, o número de períodos tem de ser igual nas amostras.
Para cada série histórica de risco país foi calculado: o desvio-padrão, a média e o coeficiente de variação.
Após esses cálculos, a bolsa de um determinado país foi correlacionada linearmente com o risco país, o EMBI e o LATIN (se for do grupo 1), e somente com o EMBI e com o LATIN (se do grupo 2).
O desvio-padrão do índice é 140,97, do risco país é 2.227,77, do risco LATIN é 243,21 e do EMBI é 243,01. A média do índice é 527,57, do risco país é 1.471,27, do risco LATIN é 788,10 e do EMBI é 786,59. O coeficiente de variação do índice é 0,2672, do risco país é 1,55, do risco LATIN é 0,31 e do EMBI é 0,31.
( Isso no caso da Argentina apenas como exemplo)
O índice foi correlacionado com o risco país e resultou em (0,4681), com risco LATIN, resultando em (0,8106), e com o EMBI, que resultou em (0,7217).
O risco país é 10,52 , do risco LATIN é 240,47 e do EMBI é 239,80. A média do risco país é 87,49, do risco LATIN é 789,80 e do EMBI é 786,27. O coeficiente de variação do risco país é 0,1202, do risco LATIN é 0,3045 e do EMBI é 0,3050.
( Isso no caso do Chile apenas como exemplo)
A pesquisa considerou uma amostra de 12.409 itens, o que dá uma média de 1.551 itens para cada grupo estudado. Os valores encontrados são expressivos, pois a extração de dados, neste trabalho, foi reduzida à variação diária.
Com base nas amostras, levando-se em consideração desvio-padrão e coeficiente de variação, pôde-se notar de maneira destacável uma alta variação do Ibovespa e do risco Argentina.
Dentro do período estudado, os índices das bolsas mais afetadas pela elevação do risco país são descritos em ordem decrescente: Venezuela, com uma correlação de (0,6694); Peru, com (0,6481); México, com (0,6050); Argentina, com (0,4681); Brasil, com o Ibovespa em (0,0957) e o IBX em (0,0531).
Com base nesse padrão, tem-se, no Brasil, uma correlação praticamente nula entre o movimento de seus índices e o risco Brasil. O valor de correlação é bem distinto, se comparado ao de outros países.