Temos no texto testes estatísticos mostrando uma alta correlação entre votação regionalizada dos candidatos e reeleição. Como base nisso foram testados cinco conjuntos de variáveis empíricas que poderiam explicar a votação regionalizada. A primeira delas diz respeito a carreira do parlamentar, sendo composta por: partido a que pertenceu durante o mandato, posição do partido no aspectro ideológico, bancada a que pertenceu no ALEP, número de mandatos como Deputado Estadual antes de 1998 e número de partidos políticos a que pertenceu durante o mandato. O segundo conjunto de variáveis é de caráter eleitoral,incluindo: coligção a que pertenceu em 2022, percentual de votos regionais em 1998 e 2022.Outra variavel a ser testada diz respeito à posição declarada no Parlamento em relção a temas polémicos.
Em principio não interessa o número de votos individual, mas a colocação do candidato na preferência dos eleitores de cada município. O mais votado no município recebeu peso três, o segundo colocado recebeu peso dois e o terceiro recebeu peso três. Em seguida os valores foram agregados por mesorregiões, que passaram a ser a unidade de analise. O estado de Paraná foi dividido por dez mesorregiões e como elas apresentam diferentes números de municipios, considerando que o índice parte do desempenho municipal dos candidatos, foi preciso normalizar os dados agregados pelo total de municipios. A vantagem da normalização , além de equiparar o desempenho regional dos candidatos em todo o estado, é que ela permite analizar os dados de maneira “quantitativa”, o resultado final é um índice de presença regional que varia de “muito baixa”,“baixa”,“média”,“alta” e “muito alta” nas eleições de 1998 e 2022.
Para identificar se um parlamentar tem votação “regional”, “mista”, ou “dispersa” foram somados os votos obtidos pelos deputados nas três primeiras colocações de cada municipio e o resultado foi comparado com o total da votação de cada deputado. Se a soma de votos obtidos entre os três mais votados de cada município ficar entre zero e 33,33% do total, eese parlamentar é considerado como tendo votação “dispersa”, ou seja, não apresenta relevância em nenhuma região específica. Normalmente Deputados que são comunicadores, representantes religiosos ou de categorias profissionais específicas costumam apresentar votação “dispersa” em todo o Estado. Se os votos regionais ficarem entre 33,34% e 66,66% o Deputado é considerado como tendo votação “mista”. Se o total de votos regionais ultrapassar 66,67% da votação geral, o político é considerado como tendo votação “regional”.
Foram selecionados os três Deputados mais votados de cada municipio para a criação de um índice de relação á Assembléia Legislativa durante o periodo de análise. Também foi testada a produção legislativa individual dos parlamentares por meio da categorização dos projetos de lei apresentados por eles em funçao da abragência social. Do total dos projetos de lei apresentados pelos parlamentares paranaenses durante a decimo quarta legislatura, 44,6% foram de abragência estadual, 42,8% foram de abragência regional, o que indica uma atençaõ maior destinada a projetos ou de grande abragência ou muito localizados. Ainda que localizados municipalmente ou tendo como abragência todo o estado, a grande maioria dos projetos individuais dos parlamentares atingia segmentos específicos da sociedade, pois 77,5% das propostas tiveram abragência social segmentada, contra 17,9% de abragência geral e apenas 4,6% de abragência estadual.
As altas variações nas bancadas coincidem com o grande número de parlamentares que migram de partido na legislatura. Dos 59 parlamentares que passaram pela ALEP no período, 25(42,4%) trocaram de partido pelo menos uma vez. Houve cinco (8,5%) de deputados que trocaram duas vezes de legenda e um (1,6%), que passou por três partidos nos quatro anos de mandato. Dos 54 parlamentares que terminaram o mandato na ALEP em 2022, apenas 4 naão se canditaram a reeleição pelo mesmo cargo, ( dois canditaram-se para deputado federal, um a Senador e um a vice-Governador). Como o objetivo é identificar as variaveis explicativas para a reeleição do parlamentar, só serão consideradas as informções relacionadas aos 50 que terminaram o mandato e concorreram a reeleição em 2022.
Desses, 30 (60%) foram reeleitos e 20(40%) não se reelegeram. 40% dos parlamentares analizados tiveram votações regionalizadas, 32% votação dispersa e 28% votação mista. No entanto considerando apenas os reeleitos a votação regional ganha importância, passando para 56,6% contra 23,4% com votos mistos e apenas 20% com votação dispersa, indicando uma maior presença, dentre os reeleitos, de parlamentares com votações concentradas em determinadas regiões geográficas. Percebe-se que o maior número de reeleitos encontra-se em votação regionalizada, sendo 17 dos 30. Além disso na votação regionalizada também está o menor número de parlamentares não reeleitos, com apenas 3 entre os 20.
A seguir são apresentados os resultados de significancia em testes estatísticos das correlações entre três variaveis dependentes: “tipo de votação” (regional, mista ou dispersa), “se reeleito ou não” e “o total de votos em 2022”, com as variaveis independentes apresentadas no inicio do texto.
Quando correlacionadas, individualmente, com a variavel dependente “se reeleito ou não” em 2022, poucas das vinte e oito varaiaveis indepententes apresentam resultados estatisticos significativos. É o caso das citações com valência negativa na Gazeta do Povo, que apresenta alta correlação com o fato do deputado não ter sido reeleito. O coeficiente de determinação neste caso, é de 39,3%. Entre as variaveis de atuação política nenhuma se mostra estatisticamente significativa em relação a situação eleitoral em 2022. Por outro lado, algumas variaveis sobre a produção parlamentar individual apresentam forte correlação com o fato do parlamentar ter sido reeleito ou não. É o caso do percentual de projetos de lei de utilidade pública e de abragência municipal, ambos com coeficiente de dterminação de 8,1%, que se mostram correlacionados direta e positivamente, ou seja, quanto maior o percentual desses projetos, maiores as chances do parlamentar ser reeleito.
Já a apresentação de projetos autorizatórios e de abragência estadual também apresentaram correlçao estatisticamente significativa, porém, contraria à reeleição, ou seja, quanto maior o percentual de projetos autorizatórios ou de abragência estadual apresentados pelo parlamentar, menor a possibilidade de reeleição. Os demais tipos de projetos não tiveram correlação linear significativa com a situação eleitoral em 2022. Aqui, mais uma vez, a correlação linear entre ter sido reeleito ou não com o percentual de votos regionais e com a categoria de votação mostrou-se altamente significativa, com coeficiente de determinação de 20,7% para o percentual de votos regionais e de 17,6% para a categoria de votos em 2022.
Enquanto a relação entre o percentual de projetos municipais e votação regionalizada está na mesma direção, com coeficiente de determinação de 30,1%, a relação entre percentual de projetos de abragência estadual e votação dispersa encontra-se em direção oposta, com coeficiente de determinação de 34,6%, conforme mostra o quadro 11. Isso significa que quanto maior o percentual de projetos de abragência municipal, maior a possibilidade de obter uma votação regionalizada, assim como os maiores percentuais de projetos estaduais gera votação mais dispersa.
Quanto a visibilidade do parlamentar, as variáveis que indicam a quantidade de vezes que o Deputado aparece no principal jornal do estado não apresentam resultados significativos. A única variável significativa é o percentual de citações negativas na Gazeta do Povo, que tem correlação negativa com reeleição, ou seja, independente do número de vezes que é citado, aquele parlamentar que, ao aperecer, faz-lo em textos com valência negativa, tem menores chances de ser reeleito. O contrario não é verdadeiro, pois o percentual de citações positivas ba Gazeta do povo mostrou-se não significativo para reeleição. Quanto a produção legislativa individual, elemento central da análise feita aqui sobre desempenho em eleições, também não é possível indicar um impacto no número de votos quanto à quantidade de leis individuais apresentadas, percentuais de rejeitadas ou aprovadas. Ter produzido mais ou aprovado um número maior de projetos não teve impacto significativo no desempenho eleitoral do parlamentar. Porém, os percentuais de produção legislativa regionalizada, com projetos de abrência regional ou municipal mostram-se significativamente correlacionadas com o maior percentual de votos regionalizados.