RESUMO

O presente trabalho conta com introdução apresentando a importância das agências de turismo no Brasil, assim como suas definições e classificações, além de acrescentar um estudo de caso de uma agência de turismo, localizada no município do Rio de Janeiro, justificado em pesquisas bibliográficas e informações técnicas adquiridas na empresa. Pergunta problema: Quais fatores relacionados ao gerenciamento de projetos e à gestão estratégica em projetos podem impactar positivamente na implantação de uma empresa familiar no ramo do turismo? Será apresentada uma proposta para o planejamento estratégico em projetos da empresa familiar SobreTurismo que irá atuar no ramo do turismo na cidade do Rio de Janeiro.

Palavras-Chave: Agência de turismo; Turismo; Gestão estratégica; Gerenciamento de Projetos.

ABSTRACT

The present work has an introduction presenting the importance of tourism agencies in Brazil, as well as their definitions and classifications, besides adding a case study of a tourism agency, located in the city of Rio de Janeiro, justified in bibliographical research and information techniques acquired in the company. Question: What factors related to project management and strategic project management can positively impact the implementation of a family-owned business in the tourism business? A proposal will be presented for the strategic planning in projects of the family company SobreTurismo that will act in the branch of the tourism in the city of Rio de Janeiro.

Keywords: Tourism agency; Tourism; Strategic management; Project management.

REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo descreve as bases teóricas deste trabalho. Apresenta um breve histórico sobre agências de viagens e os muitos desafios das agências físicas tradicionais, bem como técnicas da gestão estratégicas que servirão de base para o gerenciamento de projeto de implantação de uma agência. Estratégias como a imersão em ambiente online da internet e forte marketing estão subsidiando as agências na transição dos clientes no mercado.

O planejamento estratégico, nos dias de hoje, mesmo sendo uma ferramenta de extrema importância para auxilio às empresas que buscam melhores posições competitivas, estudos mostram que sua implantação é deficiente. Dentro da palavra estratégia existem diversos conceitos e interpretações, porém todos se associam ao conceito da escolha de um rumo, entre muitos, que ajudará na tomada de decisão relacionada sempre com o planejamento que deverá ser realizado.

1.1. Metodologia

A empresa SobreTurismo, foco do presente estudo, terá apenas um dono, o senhor Marcelo, e atuará no mercado vendendo diversos serviços turísticos na cidade do Rio de Janeiro e também em outros lugares do Brasil e do Mundo. Marcelo atuará com a sua equipe na observação, registro e analises estratégicas necessárias para implantação da empresa, assim como na prospecção e negociação com parceiros.

No que tange aos objetivos, o presente trabalho classifica-se como exploratória e descritiva. Exploratória porque não se tem grande conhecimento o mercado do turismo voltado à gestão estratégica e buscam-se maiores informações sobre o assunto. Vergara (2007 p. 47), aponta que a pesquisa exploratória: “… é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa.” Ainda seguindo Vergara (2007), este trabalho também se trata de uma pesquisa descritiva, pois demonstra características de uma determinada população, de maneira a poder formar correlações entre variáveis e definir sua natureza, e, não tem por objetivo explicar um fenômeno, embora sirva de base para tais explicações.

Classifica-se também como pesquisa experimental, quanto a procedimentos, pois busca estabelecer relações de causa e efeito, e envolve controle de variáveis e amostra aleatória. No que se refere à perspectiva da abordagem a pesquisa classifica-se como pesquisa combinada, uma vez que esta pesquisa traduz uma parcela do campo com caráter quantitativo, e outra, qualitativo.

No final do presente trabalho, deverá ocorrer a validação da proposta por algumas pessoas com conhecimento de turismo.

1.2. Definição de estratégia

De acordo com Porter (1986) estratégia é um sistema de formação de uma organização própria e de ações contendo um conjunto de práticas. Observa que estratégia é como possibilidade, necessitando a sociedade estabelecer quais são as exigências dos clientes, a que pretende atender. Além disto, mostra que reforma de um sistema, sociedades, estabelecimento de uma área, alianças, alcançar um nicho de negócio e se estabelecer utilizando a internet não são marcadas como estratégias. Para Porter (1996), capacidade funcional não é estratégia, ainda que seja importante para o funcionamento do sistema, não se enquadra no conceito de estratégia.

Segundo Oliveira (2001, p. 27), estratégia é estabelecida como um objetivo, ou metodologia definida e criada para se realizar resultados da instituição, desenvolvidos por suas metas, motivos e propósitos.

Mintzberg (1994) para apresentar estratégia, observa os cinco “P”s. Evidencia ser um plano (plan), como um objetivo, ou um modo de método futuro, seguindo o que se pretende produzir. Ou até, um padrão (pattern), ou seja, uma sequência de ações, obedecendo o que se exerceu.

A posição (position) é mais um interesse determinado pelo autor, considerando em respeito à localização de elementos em determinados negócios. A estratégia como perspectiva (perspective), orientada na forma devida de como à empresa, ou setor, realizará seus processos. E, também, estratégia enquanto um truque (ploy), isto é, uma comoção em possivelmente desviar um competidor, sem a finalidade efetiva de se executar, tal como um blefe.

1.3. Gestão estratégica

O ambiente de negócios atual está cada vez mais competitivo e muda a todo tempo, com isso, novas ideais são mais absorvidas, assim como a utilização da gestão estratégica ou administração estratégica.

A gestão estratégica pode ser entendida como o processo contínuo e circular que visa manter a empresa como um conjunto adequadamente integrado ao seu ambiente. Esse processo abrange o cumprimento, por parte do gestor, de uma série de etapas que envolvem análise do ambiente, estabelecimento de diretrizes organizacionais e formulação, implementação e controle da estratégia (Certo e colaboradores, 2010)

A figura abaixo mostra a metodologia base da gestão estratégica.

Figura 1 METODOLOGIA-BASE DA GESTÃO ESTRATÉGICA (Fonte: Lobato, 2017)

1.4. Definição do negócio

Três simples definições, porém, são onde está à alma do negócio, são de extrema importância para a empresa: Visão, Missão e Valores.

Segundo Machado (2009, p. 26) “divulgar o enunciado de Missão, Visão e Valores de uma organização, (…) sustenta-se na medida em que sua aplicação seja verificada nas ações que precedem à comunicação.”.

Conforme Machado (2009, p. 31):

O processo de desenvolvimento da Visão é tão importante quanto seu resultado; as visões se definem melhor na linguagem dos protagonistas da ação; a Visão ajuda a focar o processo de planejamento estratégico e, portanto, precisa ser desenvolvida antes que o planejamento aconteça.

Já a missão, segundo Maximiano (2011, p. 64):

É o negócio definido em termos de sua utilidade, que dá aos consumidores a motivação para trocar o dinheiro deles pelos produtos e serviços que você tem a oferecer. […] Para definir a missão, ou proposição de valor, é preciso perguntar: para que serve nossa empresa? Qual a nossa utilidade para os clientes? Quais as necessidades estamos atendendo? Que benefícios temos a oferecer aos consumidores por meio de nossos produtos? Qual problema nossa empresa resolve para seus clientes? Que responsabilidades estamos cumprindo na sociedade?

Encontra-se na grande parte das organizações crenças e costumes que formam seus valores, onde aponta Oliveira (2009), que representam um conjunto de princípios ou crenças e fundamentais para a empresa, e claramente, auxiliam para as tomadas de decisões.

1.5. Caracteristicas e gerenciamento de projeto

Segundo a ABNT, 2000:2 um projeto é um processo único, consistindo em um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos. Logo, levando em consideração a definição da ABNT, a implantação de uma agência de turismo, evidentemente, se enquadra no conceito de projeto.

Visando o sucesso e motivado pela complexidade de uma implantação deste porte, o planejamento é um fator que deve ter uma grande parcela da dedicação do organizador. A realização da implantação como um projeto pode ajudar, e muito, na sua organização, e as boas práticas do gerenciamento de projetos devem ser aplicadas para o melhor andamento das atividades.

É possível verificar que alguns processos estão claramente inseridos neste trabalho, além de outros:

Definição do escopo; Desenvolver o cronograma; Controlar o cronograma; Estimar os custos; Identificar as partes interessadas; Controlar as aquisições; entre outros.

A implantação de uma agência de turismo é, sem dúvida, algo trabalhoso e complexo, contendo várias entregas nas fases a serem seguidas.

De acordo com o PMI (2013a:40), as fases são divisões de um projeto por meio de conjuntos de atividades logicamente relacionadas visando à melhoria de performance das ações de execução e controle, de forma que sejam produzidas entregas compatíveis com o que foi planejado.

Para o projeto ser bem sucedido as entregas devem ser realizadas no tempo certo, o que sem um bom gerenciamento, torna-se algo quase impossível.

Seguindo os conceitos existentes no livro publicado PMBOK (2000, p. 4) “um projeto é um esforço temporário para a obtenção de um objetivo particular e sobre o qual a gerência de projetos pode ser aplicada independente de seu tamanho, orçamento ou cronograma de execução”.

Podemos ver particularidades próprias de projetos nesta declaração, como: pessoas, custos, prazos e objetivos. Ainda temos outras condições fundamentais como qualidade e riscos.

A base do Gerenciamento de Projetos é composta por nove áreas: integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos e aquisições. A Figura 2 indica as áreas de conhecimento e os processos que constituem cada área.

Figura 2 ÁREAS DE CONHECIMENTO E PROCESSOS (Fonte: PMBOOK, 2000)

Os projetos são estabelecidos por processos. Um processo é compreendido como um conjunto de práticas que trazem uma conclusão. Os processos representam, estabelecem e finalizam a função do projeto e são classificados em cinco grupos de um ou mais processos cada (PMBOK, 2000):

Tabela 1 TABELA DE PROCESSOS

1.6. Análises

As análises de tendências e impactos, assim com a análise de ambiente competitivo são de grande valia para o gerenciamento de projetos.

O objetivo central de serem feitas estas análises, segundo Porter (2005), é a predição do nível de lucratividade médio dos competidores, no longo prazo. As forças competitivas são elementos, que quando conhecidos, determinam as diferenças de desempenho dentro dos setores, auxiliando o gerente de projetos a elaborar excelentes estratégias a concorrência acirrada em ambientes de negócios.

1.7. Estratégia Competitiva

Para uma boa posição da empresa no mercado, é necessária a utilização da estratégia competitiva, que permite que a empresa busque uma posição competitiva favorável em sua área de conhecimento, utilizando métodos e ferramentas que a torne superior a seus concorrentes, sempre se mantendo como atrativo para os consumidores e gerando lucros.

Quando uma empresa constrói uma estratégica competitiva, ela pode apresentar muitos diferenciais competitivos como o custo, que é a busca pela melhor produtividade que de seus concorrentes, o mercado que é o acesso a demandas e a economia em escala onde se obtém um maior volume de vendas e lucros inibindo assim a entrada de outros fornecedores do mesmo serviço.

1.8. Fatores críticos de sucesso

Segundo Grunert e Ellegar (1992) os FCSs são meios e prática que apresentam os princípios que os consumidores sentem. Para se trabalhar em participação, tais práticas e recursos vão além dos pré-requisitos, logo, indicam a diferença entre instituições de um mesmo mercado.

Nesta linha, as atividades ou provisões consideradas como de melhor qualidade pelos consumidores e que, tem inferior valor ao mesmo tempo, possuem maior concorrência e resultado para a organização.

Podem-se obter, na literatura, quatro modelos diversos de se ver condições críticas de sucesso:

  • Algo importante para um processo de conhecimento de gestão;
  • Uma especificidade da empresa;
  • Um meio de fazer descobertas de valor orientativo para os gestores;
  • A relação dos grandes recursos e prática necessários para a empresa ser bem-sucedida no seu comércio.

Como Magnani (2004), os FCSs percebidos pelos gerentes podem ser variados por diferentes causas, como problemas de dados. Mas, a pesquisa das condições críticos de sucesso se utilizado segundo instrumento de gestão do conhecimento e por estudo científico de importantes resultados, ajuda para lidar essas desigualdades através de os elementos presentes e os percebidos. Quando os fatores críticos de sucesso são propriamente percebidos e gerenciados, as empresas, no meio a seu espaço de trabalho próprio, apontam a ter melhor comportamento e apresentam maior competitividade.

Quintella Rocha e Alves (2005, pg. 337) também mostra a visão de Boynton e Zmud, segundo o qual os FCSs “é o nome das coisas que devem andar bem para assegurar o sucesso de uma organização ou de um gerente; as competências em que há a necessidade de atenção especial e constante para obter alto desempenho”.

1.9. Matriz SWOT

Segundo Lobato, 2017 SWOT são “forças, oportunidades, fraquezas e ameaças à organização. A avaliação estratégica realizada a partir da matriz Swot é uma das ferramentas mais utilizadas na gestão estratégica.”, como ilustrado na figura 3.

Figura 3 MATRIZ SWOT (Fonte: https://rockcontent.com/blog/como-fazer-uma-analise-swot/)

1.10. Mapa e objetivos estratégicos

Pode ser através do planejamento estratégico que ocorra a descrição e formulação de um plano oficial com os objetivos de longo e curto prazo de uma empresa. Dependendo do nível de planejamento, pode ser através deste plano o planejamento de suas ações e como serão executados. Ainda de acordo com Lobato, 2017:

A abordagem de Porter define o mapa estratégico como uma representação dos diferentes grupos que existem no mercado. (…). E como podemos proceder a esta análise? Realizando a análise de grupos, que é composta por seis etapas:

  • definição dos concorrentes;
  • definição de uma lista de dimensões estratégicas relevantes para atuação no setor;
  • seleção, na lista anterior, das dimensões que afetam mais fortemente a posição competitiva das empresas;
  • plotagem de um mapa estratégico com duas dimensões;
  • definição de quais são os grupos no setor;
  • interpretação do mapa.

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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